Um dia depois de se saber que Espanha vai voltar a eleições depois de as legislativas de dezembro de 2015 terem resultado num bloqueio político, as sondagens sugerem que uma nova consulta popular deverá manter a situação tão complicada quanto ela está.

A 20 de dezembro, o Partido Popular (PP) saiu vencedor (28,7% e 123 deputados), seguindo-se o Partido Popular (22% e 90 deputados), depois o Podemos (20,6% e 69 deputados) e finalmente o Ciudadanos (13,9% e 40 deputados). Sobraram ainda 27 assentos parlamentares, divididos entre partidos regionais (uns pró-independência, outros antes pelo contrário) e também pela Izquierda Unida, que juntou apenas 2 deputados.

Ora, segundo as sondagens, o que poderá acontecer nas eleições de 26 de junho é um caso clássico em que, tal como numa jogatana de cartas, o jogo vai abaixo por ter sido mal dado, as cartas voltam a ser misturadas, o baralho é partido e depois as cartas voltam praticamente da mesma maneira às mesmas mãos.

É nesse sentido que aponta, por exemplo, a sondagem da Sigma 2, divulgada a 23 de abril no El Mundo. Nesta sondagem, foi tida em conta a possibilidade cada vez mais certa de o Podemos e a IU concorrerem juntos às eleições, o que, tendo em conta o sistema eleitoral espanhol, impulsionaria o número de deputados daqueles últimos. Assim, no caso de o Podemos e a IU concorrerem juntos, os resultados seriam estes, a começar pelos mais votados: 29,8% para o Partido Popular (123 deputados); 22,9% para o PSOE (90 deputados); 21,5% para o Podemos com a IU (70 deputados); 15,2% para o Ciudadanos (44 deputados). Ou seja, em relação a dezembro, o PP e o PSOE ficariam iguais, o Podemos, reforçado com a IU, teria mais um deputado, e o Ciudadanos ganharia quatro.

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O Podemos, em queda de popularidade, deve aliar-se à Izquierda Unida, que está a recuperar nas sondagens, nas eleições de 26 de junho (Photo by Pablo Blazquez Dominguez/Getty Images)

Não foi só a Sigma 2 e o El Mundo que chegaram a esta conclusão. A Metroscopía, numa sondagem publicada no El País, revela que os resultados percentuais de junho não seriam radicalmente diferentes daqueles registados em dezembro do ano passado, embora com uma troca de posições entre o PSOE e o Podemos+IU. O PP teria 29%, apenas mais 0,3% do que no 20-D; o Podemos+IU teria 20,8%; o PSOE voltaria a ter o pior resultado da sua história, com 20,1%; e o Ciudadanos subiria para 17,7%.

Entre os estudos de opinião mais recentes, apenas um apresentou resultados que roçam a possibilidade de um entendimento político em Espanha — mas que, ainda assim, não chegam por si só. E é apenas por um. Trata-se da sondagem da NC Report, divulgada no dia 24 de abril no La Razón. Nesta recolha, o Partido Popular venceria com 130 deputados, seguindo-se o PSOE com 83 deputados. Logo atrás, com 81, está o Podemos com a IU. Em quarto, surge o Ciudadanos, com 45 deputados.

Destes números, existe um claro início de conversa: o do PP com o Ciudadanos. Juntos, somariam 175 deputados — isto é, menos um do que os 176 necessários para uma maioria absoluta.