Aquela que já é considerada “a grande, grande, grande” manifestação do setor do táxi contra a Uber está marcada para esta sexta-feira em Lisboa, Porto e Faro. Só na capital, o presidente da Federação Portuguesa do Táxi (FPT) espera reunir mais de 4.000 carros numa marcha lenta, que parte da rotunda do Campus da Justiça com destino ao Parlamento, avançou ao Observador.

“Quando chegarmos ao Parlamento, queremos ser ouvidos. Queremos que os partidos com assento parlamentar nos recebam e nos deem uma resposta [sobre o que pretendem fazer à Uber]. Também sabemos que o primeiro-ministro vai estar lá”, afirmou Carlos Ramos.

Na manifestação desta sexta-feira, os taxistas vão protestar contra “a não decisão do Governo”, numa iniciativa que vai ser marcada “pela indignação e revolta” dos taxistas, afirmou Carlos Ramos, explicando que os taxistas estão disponíveis para discutir o setor dos transportes, “incluindo o que fazer com estas plataformas”.

Carlos Ramos lançou ainda um desafio ao secretário de Estado do Ambiente, José Mendes, que tutela o setor dos transportes. “Se o secretário de Estado quiser sentar-se com as associações tem de ter coragem para fazer cumprir as leis da República”, adiantou o presidente da FPT, argumentando que a Uber desenvolve “uma atividade criminosa em Portugal”.

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A manifestação de sexta-feira é uma ação conjunta da FPT e da Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), que começou com uma ação de sensibilização contra a “ilegalidade” da atividade da Uber. Durante a ação, os taxistas distribuíram mais de 10.000 panfletos com um manifesto para defender que a atividade da Uber é ilegal e que “não respeita, não obedece, nem se submete às regras legais que em Portugal disciplinam a atividade do transporte em táxi”.

No Porto, a marcha lenta vai começar no Castelo do Queijo, à mesma hora que em Lisboa, e terminará em frente à Câmara Municipal do Porto.

Em fevereiro, os taxistas manifestaram-se no aeroporto de Lisboa e a ação levou a que fossem recebidos pelo ministro do Ambiente, João Matos Fernandes. Dessa reunião, saiu um pacote de 10 medidas para a modernização do setor do táxi, que representa um investimento de 17 milhões de euros. Mas os taxistas não viram a medida com bons olhos e afirmaram que representava uma “moeda de troca” para regulamentar a Uber. No Plano Nacional de Reformas, aprovado na quinta-feira, os taxistas foram abrangidos com um investimento de seis milhões de euros para “descarbonizar” os motores de mil táxis.

Entretanto, o processo judicial que envolve a Uber aguarda a decisão do Tribunal da Relação. A plataforma que serve de intermediária entre motoristas privados e utilizadores foi proibida de operar há cerca de um ano na sequência de uma providência cautelar interposta pela ANTRAL contra a Uber. A providência foi aceite pelo tribunal, mas a empresa mantém os serviços ativos, porque alega que a providência foi dirigida à entidade jurídica errada (a notificação refere a Uber Technologies, nos EUA, quando a delegação portuguesa responde à sede da Uber na Holanda).