Onze senadores de vários partidos escreveram uma carta à Presidente brasileira, Dilma Rousseff, pedindo a sua renúncia do cargo e a convocação de novas eleições.

“Apelamos à vossa excelência em favor de uma posição altiva de apoio a uma saída da crise pelo voto popular, para que se reconheça a gravidade do momento e se coloque à disposição do povo brasileiro, acatando soberana decisão do Congresso Nacional pela convocação de novas eleições presidenciais”, lê-se na carta.

A missiva foi entregue esta quinta-feira por três senadores ao ministro-chefe do gabinete pessoal da Presidência, Jaques Wagner.

Segundo a assessoria da Casa Civil da Presidência da República, o documento é assinado também por um senador do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), formação a que pertence o vice-Presidente, Michel Temer, o qual deverá assumir temporariamente a Presidência se o pedido de destituição de Dilma Rousseff passar no Senado,

De acordo com a mesma fonte, o ministro “concordou em discutir com a Presidente Dilma Rousseff o apoio à proposta de emenda constitucional que antecipa as eleições presidenciais para o próximo mês de outubro”, que “recebeu apoio de 33 senadores”.

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Os autores da carta acrescentam que a proposta “tem o condão de unificar o país, para sairmos do impasse que paralisa a economia e impõe incertezas ao Brasil e aos brasileiros pelo que se desenha no processo de ‘impeachment’ [destituição], que se arrasta no Congresso Nacional e pode agravar ainda mais esse cenário”.

Após o encontro, o senador Randolfe Rodrigues (do partido Rede), citado pela assessoria da Casa Civil, relatou que a proposta foi apresentada ao plenário do Senado, na quarta-feira, bem como ao ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Outra proposta em estudo é a convocação de uma votação para decidir se a população quer manter ou não o governo de Dilma Rousseff e do vice-Presidente Michel Temer.

Segundo Randolfe Rodrigues, ainda há “espaço em setores do Congresso para propor à Presidente que, por meio de um projeto de resolução, sugira um referendo simultâneo às eleições municipais de outubro sobre a continuidade ou não do mandato de Dilma”.

No entanto, a assessoria refere que a equipa da Presidente Dilma Rousseff “sempre avaliou que a proposta de antecipar as eleições não deveria partir formalmente do governo, que demonstraria assim fraqueza no atual processo do ‘impeachment'”.

Depois de ter sido aprovado na Câmara dos Deputados, por 367 votos a favor e 137 contra, no passado dia 17, o processo de destituição de Dilma Rousseff encontra-se agora na câmara alta do Congresso Nacional, onde basta apenas uma maioria simples (41 dos 81) dos senadores para ser aprovado.

O pedido de afastamento da Presidente Dilma Rousseff baseia-se nas chamadas “pedaladas fiscais”, que dizem respeito ao atraso na transferência de dinheiro devido pelo Governo aos bancos para melhorar as contas públicas.

Outra acusação diz que a Presidente autorizou despesas extras sem a aprovação do Congresso, ação que viola a lei do orçamento.