Há novas informações sobre o massacre que vitimou 11 pessoas no posto militar no Monte Txota, em Cabo Verde. O soldado que matou oito soldados e três civis no quartel da ilha de Santiago confessou a um taxista, que manteve refém durante várias horas, que a seguir queria matar o comandante das Forças Armadas. “Ele disse-me que não podia aguentar mais abusos do comandante das Forças Armadas. Que detesta injustiça, por isso tinha que matá-lo” na noite de quarta-feira, reportou Rodney à Rádio Cabo Verde. Antany não saberia que esse comandante estava em Moçambique no dia do crime.

Manuel António Silva Ribeiro, mais conhecido por Antany Silva, raptou o taxista na tarde de terça-feira quando entrou no veículo disfarçado com uma peruca e um chapéu. O taxista contou à Polícia Nacional que Antany precisava de dinheiro e de um sítio para se esconder enquanto esperava pelo início da noite, altura em que mataria o comandante das Forças Armadas na Cidade da Praia e daria “um abraço à irmã”, como o próprio soldado explicou a Rodney. A certa altura soltou o taxista, mas ficou com o carro. Mais à frente teve um acidente e terá prosseguido a pé, escreve o jornal Oceanpress.

Ainda não é certo a que tipo de abusos Antany Silva esteve sujeito, mas o caso trouxe à tona várias lacunas no funcionamento dos destacamentos militares das Forças Armadas de Cabo Verde. Segundo fonte militar do Oceanpress, o posto era gerido pelo Comando das Forças armadas da 3ª Região Militar, que corresponde à Cidade da Praia, mas o quartel não mantinha comunicação regular com os superiores: “os soldados fazem o que querem no Monte Txota e o Comando limita-se a enviar mantimentos e trocar efetivos”.

Cada destacamento militar é formado por seis soldados, um cabo-chefe e um sargento: de dia, um destes elementos fica de plantão durante seis horas com mais dez horas de descanso; enquanto à noite ficam duas pessoas de plantão. Este não era o funcionamento no Monte Txota: “Os soldados dormem quando querem, saem para comprar álcool e emprestam as camas para civis que levam mulheres para sexo”, conta o militar.

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