A Pharol registou um aumento dos prejuízos no ano passado, face a 2014, para 694 milhões de euros, afetado pela participada Oi, e vai propor pagamento de dividendos de 0,03 euros por ação, anunciou esta quinta-feira a empresa. Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a antiga PT SGPS, que detém cerca de 27% da operadora de telecomunicações brasileira Oi, adianta que teve “um resultado líquido negativo de 694 milhões de euros” no ano passado, contra 302,8 milhões de euros em 2014.

Este prejuízo é “justificado essencialmente por incorporação dos resultados negativos da Oi em 374 milhões de euros, imparidade no valor da participação da Oi em 226 milhões de euros, redução do valor ‘market-to’market’ [avaliação ao valor do mercado] da opção de compra na Oi em 79 milhões de euros e custos operacionais no montante de 16 milhões de euros”, refere a empresa.

No ano passado, os capitais próprios da Pharol ascenderam a 299 milhões de euros, uma redução de 853 milhões de euros justificada por “resultado líquido negativo de 694 milhões de euros, participação nas perdas da Oi registadas diretamente em capital próprio em 105 milhões de euros e impacto no investimento na Oi da desvalorização do real face ao euro de 54 milhões de euros”.

A empresa terminou 2015 com 16,1 milhões de euros de custos operacionais, uma diminuição de 37% face a 2014. O resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) foi de 16,1 milhões de euros negativos em 2015, o que compara com 25,7 milhões de euros negativos um ano antes.

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“O ano de 2015 acaba por ser marcado pelo abrandamento da situação económica no Brasil e pela evolução da situação financeira do nosso principal ativo, a Oi”, explica o presidente da Pharol, Luís Palha da Silva, citado no comunicado. “É de referir, no entanto, que o desempenho operacional da Oi durante o exercício foi positivo e que a empresa cumpriu os seus principais objetivos contidos no ‘guidance’ [perspetivas] apresentado ao mercado”, adianta.

“No capítulo interno, a Pharol não pode deixar de se sentir satisfeita com a redução de custos (-37%) que conseguiu face a 2014”, prossegue, adiantando que “a otimização e a distribuição de qualquer excedente de tesouraria tem sido preocupação da gestão e o Conselho de Administração deu passos significativos nesse sentido ao iniciar um processo de compras regulares de ações próprias e ao propor a atribuição de um dividendo a ser decidido na próxima assembleia-geral de acionistas”.

No final do ano passado, a Pharol detinha como principais ativos 183.662.204 ações ordinárias da Oi, representativas de 27,2% do capital social total da operadora (excluindo ações de tesouraria), os instrumentos de dívida da Rioforte Investments, com o valor nominal de 897 milhões de euros, e uma opção de compra sobre 47.434.872 ações ordinárias e 94.869.744 ações preferenciais da Oi.

A 30 de março deste ano, a Pharol passou a deter uma opção de compra sobre 42.691.385 ações ordinárias e 85.382.770 ações preferenciais da operadora brasileira. A Pharol recorda que a Rioforte (do Grupo Espírito Santo – GES) foi declarada insolvente em dezembro de 2014, mas que, “de acordo com a última comunicação pública dos administradores da insolvência, o prazo para reclamação de créditos no processo foi prorrogado, terminando no dia 30 de junho de 2016”.