Apesar das reservas naturais, os elogios. Apesar dos elogios, as dúvidas. Com as dúvidas, os avisos. Para Jerónimo de Sousa, o primeiro-ministro António Costa “tem mostrado capacidade de diálogo, tem mostrado boa cara ao mau tempo. Está a afirmar-se no Governo. Não estou de boca aberta, também não tenho qualquer ponta de desilusão”. Mas há algumas nuvens no horizonte.

Em entrevista à TSF, o secretário-geral do PCP reconheceu o caminho percorrido pelo líder socialista, mas não deixou de criticar o Programa de Estabilidade apresentado pelo Governo socialista. Não colocando em xeque o acordo entre PS e PCP, lembra Jerónimo, o documento estratégico “avoluma as contradições” e parece contrariar o triplo desígnio que une a aliança de esquerda: “Mais crescimento, mais justiça social e mais emprego”. O líder comunista questionou: “Como é que conseguimos [atingir os objetivos] se aceitamos os constrangimentos [das regras europeias]?”

O secretário-geral disse ainda não perceber o que significa a redução de 150 milhões de euros em apoios sociais nem o corte de 135 milhões em investimento público, previstos no quadro que Mário Centeno enviou para Bruxelas quando a apresentou o Programa de Estabilidade — o tal “anexo secreto”.

Jerónimo de Sousa aproveitou também para deixar um aviso a António Costa: não há razões para mexer em áreas como a Segurança Social, mas sim para a reforçar, desde logo com aumentos maiores das pensões. Independentemente da vontade do Governo socialista, avisa Jerónimo, o PCP “não está disponível” para discutir a introdução de condição de recursos nas prestações sociais.

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