O Governo panamiano estabeleceu, esta sexta-feira, um comité formado por sete especialistas, liderado pelo Nobel da Economia Joseph Stiglitz, para avaliar o sistema financeiro e ajudar a fortalecê-lo na sequência do escândalo dos “Papéis do Panamá”.

Segundo a informação oficial, o comité deverá concluir um relatório final até ao fim do ano, idealmente antes da próxima Conferência Internacional Contra a Corrupção, programada para ter lugar no Panamá nos dias 01 e 02 de dezembro.

Além de Stiglitz, que copreside o comité com o ex-presidente do Panamá Nicolás Ardito Barletta (1984-1985), o núcleo conta com o suíço Mark Pieth, professor de Direito Penal e Criminologia da Universidade de Basileia; o costarriquenho Roberto Artavia, doutorado em Economia pela Universidade de Harvard e professor visitante da INCAE Business School.

O designado “Comité Independente de Especialistas para o Centro de Serviços Financeiros” conta ainda com o ex-administrador do Canal do Panamá Alemán Zubieta; com Domingo Latorraca, da Deloitte, e Gisela Álvarez de Porras, ex-ministra do Comércio e Indústrias de Panamá.

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O Presidente do Panamá, Juan Carlos Varela, afirmou, num breve discurso, aquando da constituição do comité que este vai ajudar “a continuar a reforçar” o centro de serviços financeiros do Panamá, um dos pilares da economia nacional a par com a logística e o turismo.

Foi criado para que se “encontre” o caminho para que o Panamá “lidere os esforços da comunidade internacional a fim de construir uma nova arquitetura financeira global que garanta o progresso” e o bem-estar do mundo, sublinhou o chefe de Estado panamiano.

Juan Carlos Varela reiterou o compromisso da sua Administração de “proteger a plataforma de serviços logísticos e financeiros internacionais do Panamá contra as ameaças daqueles que pretendam” utilizá-la para atividades ilícitas.

A revisão das práticas financeiras do país constitui a base da estratégia do Governo para enfrentar o escândalo dos chamados “Papéis do Panamá”.

A maior investigação jornalística da história envolve o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa), com sede em Washington, e destaca os nomes de 140 políticos de todo o mundo, entre eles 12 antigos e atuais líderes mundiais.

A investigação resulta de uma fuga de informação e juntou cerca de 11,5 milhões de documentos ligados a quase quatro décadas de atividade da empresa panamiana Mossack Fonseca, especializada na gestão de capitais e de património, com informações sobre mais de 214 mil empresas ‘offshore’ em mais de 200 países e territórios.

A partir dos Papéis do Panamá (Panama Papers, em inglês) como já são conhecidos, a investigação refere que milhares de empresas foram criadas em offshores e paraísos fiscais para centenas de pessoas administrarem o seu património, entre eles rei da Arábia Saudita, elementos próximos do Presidente russo Vladimir Putin, o presidente da UEFA, Michel Platini, e a irmã do rei Juan Carlos e tia do rei Felipe VI de Espanha, Pilar de Borbón.