Um grupo de manifestantes invadiu este sábado o Parlamento iraquiano para exigir uma verdadeira remodelação do Governo. Este é mais um episódio a somar à crónica instabilidade política no país.
A informação está a ser avançada pelo Washington Post, que cita os media locais. As imagens captadas pelas televisões iraquianas ilustram os momentos que se viveram no interior do Parlamento iraquiano.
Os manifestantes forçaram a entrada no Parlamento, partindo janelas e espalhando o caos. Há relatos de deputados atingidos por garrafas de água e bandeiras enquanto tentavam sair do Parlamento iraquiano.
O contexto é dado pelo mesmo jornal norte-americano. Esta manifestação acontece num momento em que Haider al-Abadi, primeiro-ministro iraquiano, estava a tentar reorganizar o elenco governativo para dar resposta às pretensões dos opositores, em parte instigados pelo clérigo xiita Moqtada al-Sadr.
O Parlamento iraquiano deveria convocar, ainda hoje, o primeiro-ministro iraquiano para que este fosse ao Parlamento apresentar uma remodelação efetiva do Governo. No entanto, o Parlamento acabou por não reunir a maioria necessária dos deputados. A sessão foi adiada para a tarde, mas não chegaria a acontecer.
Momentos antes do início da sessão parlamentar, Moqtada al-Sadr, líder da resistência e opositor frontal à presença das tropas americanas em território iraquiano, marcou uma conferência de imprensa que acabou por incendiar ainda mais os ânimos. “Eles [classe política] são contra a reforma. Querem decapitar a vontade do povo iraquiano. Eu estou com as pessoas, não importa o que decidirem. Estou à espera de um grande levantamento do povo iraquiano”, atirou o líder xiita.
Pouco depois desta conferência de imprensa, conta o Washington Post, um grupo de manifestantes, muitos deles leais a Al-Sadr, irrompeu pelo Parlamento, rompendo os cordões de segurança.
Os Estados Unidos estão preocupados com os possíveis efeitos que uma crise política pode ter no Iraque. O país enfrenta a ameaça do Estado Islâmico e qualquer fratura política pode ser usada pela organização terrorista para ganhar espaço no território. O jornal norte-americano lembrou, a propósito, as declarações de Barack Obama durante a visita à Arábia Saudita, na semana passada. “Este não é o momento para um impasse governamental ou para disputas políticas”, atirou o Presidente norte-americano, admitindo estar “preocupado” com o atual momento do Iraque.