A gestora da Via Navegável do Douro vai autorizar o aumento do calado – ponto mais baixo da quilha de um barco, relativamente à linha de água – das embarcações na barragem de Crestuma para os 3,95 metros, possibilitando um acréscimo da carga transportada e dando resposta a uma reivindicação dos operadores.

A Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL) assumiu, no início de junho de 2015, a gestão da Via Navegável do Douro (VND) e, neste rio que cada vez recebe mais turistas, a aposta vai também para o transporte fluvial de mercadorias.

“Havia uma reivindicação já antiga dos atuais operadores para permitir, na barragem de Crestuma, a passagem de embarcações com um calado de 3,95 metros, porque isto aumenta muito a capacidade de tonelagem das embarcações e a sua perspetiva de negócio”, afirmou à agência Lusa Raquel Maia, administradora da APDL.

Existem dois cais comerciais ativos nesta via, nomeadamente Várzea e Sardoura, a partir de onde é preciso apenas descer a eclusa de Crestuma para seguir para a foz do Douro.

Por estes dois portos, no ano passado foram transportadas 30 mil toneladas de granito, um valor muito inferior ao registado em 2009 (100 mil toneladas).

Atualmente, em Crestuma é permitida apenas a passagem de embarcações com um calado de 3,80 metros mas, segundo Raquel Maia, há condições para autorizar um aumento do calado.

Os navios atualmente usados pelos operadores podem transportar até 1700 toneladas (3,80) e o aumento do calado significa a possibilidade de aumento da carga para as 2000 a 2100 toneladas (3,95).

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E esta permissão, de acordo com a responsável, está alicerçada num estudo hidrográfico que o Instituto Hidrográfico está a realizar a todo o rio Douro.

“Porquê só agora? Porque só agora temos um levantamento feito por uma fonte oficial e que nos dá a segurança para que essa passagem seja feita nas condições que consideramos adequadas e que não ponham em risco a navegação”, salientou.

Raquel Maia referiu que esta medida entrará em vigor em breve.

O granito é atualmente a única carga transportada no rio Douro. Daqui a mercadoria segue diretamente para o destino final, nomeadamente o Norte da Europa.

No entanto, a maior parte do granito que é extraído, por exemplo, no concelho de Marco de Canavezes, é ainda transportado pela via rodoviária.

A APDL quer criar condições para um aumento da carga transportada pela via navegável, que salienta que é um meio mais “amigo do ambiente” e também “mais barato”.

Para ajudar a incrementar o transporte de mercadorias pelo rio Douro, está também a ser elaborado um estudo pela Faculdade de Economia do Porto, para determinar que outras cargas podem ser transportadas pela VND e onde é que ela está.

A Via Navegável do Douro foi inaugurada em toda a sua extensão em 1990. São 210 quilómetros desde Barca d’Alva até ao Porto.

PLI // JGJ

Lusa/Fim