Sete. É a sétima final da Taça da Liga para o Benfica, a terceira consecutiva. Vencer, venceu todas as seis em que participou. A próxima final será diante do Marítimo, em Coimbra, no dia 26 deste mês.

É caso para dizer que é um papa-taças (da Liga), competição onde não perde há 37 jogos — e o bicho-papão do Sp. Braga esta época. É que para os minhotos de Paulo Fonseca a época diante do Benfica não tem sido pera doce: perdeu os dois jogos que disputou e sofreu sete golos, marcando apenas um. Ao terceiro jogo, terceira derrota. Mas esta doeu mais, impedindo que o Sp. Braga fizesse a dobradinha em finais da Taça, uma vez que estará na de Portugal, no Jamor.

Mas vamos ao jogo da Luz, onde o Sp. Braga até chegou a ser superior. A explicação pode estar na rotação: os minhotos não a fizeram e o Benfica só manteve em campo três dos titulares (Ederson, Lindelof e Renato Sanches) do último jogo diante do V. Guimarães. E só o fez, o Benfica, porque a isso foi obrigado: os estatutos da competição impõem que esse é o número mínimo de titulares que devem transitar do último jogo da Liga para o seguinte na Taça.

Nos primeiros minutos, mortiços, perigo, perigo não houve. O Benfica foi circulando a bola mais próximo da área do Sp. Braga do que o contrário. Os minhotos, por sua vez, viviam muito das arrancadas de Rafa — uma delas resultaria em golo. Mas uns e outros sempre se mostraram competentes a defender e a preencher espaços no seu meio-campo recuado, mantendo-se o resultado num teimoso nulo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Oportunidades de golo só à passagem do quarto de hora. E a para o Benfica. Mas coloquem-se aspas e mais aspas em “oportunidade”. O cruzamento de Carcela para a área desde a esquerda é largo, Salvio e Djavan jogavam ao jogo-do-empurra no segundo poste, o brasileiro não saltou, o argentino sim, e cabeceou Salvio. Errou a direção, a bola saiu por cima da barra, mas Paulo Fonseca não gostou do que viu e repreendeu Djavan. Muito teria Fonseca que repreender a sua defesa, pois as fífias sucederam-se.

Lembra-se das arrancadas de Rafa. Aos 19′ deram em golo. E que golo! O extremo português está a fazer uma época e tanto, como que piscando o olho à titularidade no Euro. Aqui, depois de servido por Djavan na esquerda, avançou para o centro (sempre a contornar a área por fora), ninguém lhe saiu ao caminho, Rafa encheu o pé, e colocou a bola no poste mais distante da baliza de Ederson — não no ângulo, mas ainda assim colocada, tanto que bateu no poste e entrou.

O Benfica desconcentrou-se com o golo. E esteve perto de sofrer o segundo aos 22′. Baiano subiu pela direita, aproximou-se da área, Grimaldo deu-lhe espaço para olhar e cruzar, e Baiano cruzou mesmo, não para a molhada, mas para a entrada da área. Estava lá Wilson Eduardo, a rematar de primeira, mas o extremo errou o alvo por dois palmos, saindo a bola ao lado do poste direito do Benfica. O Sp. Braga começou por baixo. Mas estava agora por cima no jogo e de que maneira.

A oportunidade de golo de Salvio, a tal com aspas, foi um fogacho. A de Jiménez, aos 38′, quase deu em golo. Boly escorregou onde não devia, a meio-campo, o ponta-de-lança mexicano recuperou a bola, avançou pelo meio-campo defensivo do Sp. Braga fora e, chegado à área (tinha André Pinto a dois passos dele), chutou cruzado. Matheus não agarrou, mas afastou para longe, cabendo a Baiano fazer o resto: chutão para a frente e acabou o perigo.

O Sp. Braga chegaria ao intervalo a vencer, mas não sem antes o Benfica criar mais uma ocasião de golo. Contavam-se 41′ no cronómetro de Tiago Martins. Ai se ela sobe mais um palmo, que golo que era. Salvio fez um lançamento à direita, a força foi tanta que conseguiu colocar a bola na área, ao segundo poste, mas os defesas do Sp. Braga cortaram-na. Grimaldo estava à entrada da área, ou chutava ou tentava rececionar a bola — se falhasse a segunda opção, o Sp. Braga sairia em contra-ataque. Então, o espanhol encheu o pé, curvou-se ligeiramente, e cá vai disto! Acertou no alvo, a baliza, mas a mira estava apontada para baixo e Matheus encaixou a bola sem problema. Priiiii? Intervalo.

Rui Vitória quer ser campeão. Então poupou os melhores esta tarde. Mas quer ser campeão nacional e vencer a Taça da Liga. Então, fez entrar o suplente Jonas ao intervalo, tirando Renato Sanches. Nos primeiros minutos o “pistolas” mal tocou na chicha. E o primeiro remate chegou tarde, mas lá chegou. Aos 53′. Salvio, à direita do ataque do Benfica, viu os defesas do Sp. Braga de volta de Jonas (mesmo quando não tem bola, o brasileiro atrai a si os adversários) e Jiménez, não foi de modas e avançou para o centro, sempre por fora da área, puxou da canhota atrás e chutou. O remate foi rente, rente ao poste direito de Matheus, mas o guarda-redes brasileiro do Sp. Braga ajoelhou-se e aninhou a bola.

Ele não precisa de tocar muito nela, pois não? 59′. Samaris assistiu Carcela à entrada da área, de costas para a baliza e ligeiramente descaído para a esquerda, o marroquino chamou a si o central o Boly, virou-se, e assistiu Jonas na área, lado a lado com o outro central do Sp. Braga, André Pinto. O “pistolas” nem esperou que André se chegasse a ele, dominou a bola, deu-lhe mais um toque, puxou do pé direito atrás e empatou o jogo no primeiro remate que fez. Era o 34.º golo de Jonas esta época.

Se se ficou por aqui? Não, nem pensar. Não marcou, mas assistiria aos 71′. Mas o destaque aqui não vai para o passe de Jonas nem o golo de Jiménez. O que se viu não foi um “frango” de Matheus; foi a capoeira inteira do guarda-redes do Sp. Braga. E Jiménez aproveitou, claro. A bola é colocada longa da frente, os centrais do Sp. Braga nem a ela se fizeram por achar que Matheus chegaria primeiro à disputa (tinha uma vantagem de muitos metros) do que Jiménez, mas o brasileiro inventou, tentou cortar a bola para a frente de carrinho, esta passou-lhe ao lado, e o ponta-de-lança mexicano do Benfica (meio surpreendido com a oferta, diga-se) limitou-se a encostar lá para dentro.

O Sp. Braga, que tão boa conta deu de si na primeira parte, entrou desastrado na segunda. E só conseguiu espreitar o empate de bola parada. Aos 85′, não se gritou golo na Luz porque… estamos na Luz. Mas lá que o Sp. Braga ia marcando, lá isso ia. O livre era frontal, ligeiramente descaído para a direita, e a pedir uma canhota. Só se aproximou a de Josué, este nem tomou muito balanço, deu um passo atrás, remando em arco ao apito de Tiago Martins. A bola ia puxadinha, puxadinha ao canto inferior direito da baliza de Ederson, tão puxadinho que tocou nas redes… por fora.

O jogo terminaria pouco depois, com o Benfica a controlar o jogo (e o cansaço dos três titulares do costume), com o Sp. Braga sempre demasiadamente tímido para quem queria bisar nas finais da Taça este ano, bisando também, quiçá, nas conquistas da Taça da Liga. Derrotou o Benfica na meia-final de 2012/2013, superiorizando ao FC Porto na final.