Se costuma ir ao ginásio ou praticar desporto ao ar livre, ou se é desportista profissional, certamente que consome regularmente ou, pelo menos, já experimentou uma barrita energética, um batido ou um multivitamínico qualquer. A Direção Geral de Saúde (DGS) avisa que são poucos os suplementos com efeito benéfico comprovado e que estes podem, inclusive, ter consequências negativas em termos de rendimento dos atletas.

É sabido que a suplementação é uma prática corrente no mundo do desporto. Porém, e independentemente da definição, são poucos os suplementos que, cientificamente, comprovaram ter um efeito benéfico no rendimento desportivo”, lê-se no manual “Nutrição no Desporto”, lançado esta terça-feira pela DGS, no microsite Nutrimento.pt.

E não só há poucos com efeitos comprovados como há suplementos adulterados.”Não é exigido que suplementos passem pelos criteriosos controlos pelos quais passam os medicamentos. Daí existirem relatos de conspurcação de produtos desta natureza com, por exemplo, com vidros e fezes, e também casos em que o conteúdo do suplemento não corresponde ao descrito no rótulo”. Além disso “os suplementos poderão ter consequências negativas no rendimento” pois a “reação às diversas substâncias é diferente de atleta para atleta e muitos suplementos contêm complexas misturas de várias substâncias cujo efeito de interação é inteiramente desconhecido.”

Estas reações adversas são potenciadas pelo facto de os atletas, profissionais ou amadores, “decidirem ingerir determinado suplemento apenas porque alguém o toma, e não porque avaliaram a sua necessidade específica para aquele momento”.

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A DGS admite que “em situações de restrição alimentar”, os suplementos “podem ser uma opção provisória”, mas lembra que o Comité Olímpico Internacional, no seu último consenso sobre Nutrição no Desporto, referiu que “o uso de suplementos não compensa uma pobre escolha alimentar e uma alimentação inadequada”

O mesmo comité aconselhou ainda que “o uso destas substâncias seja desencorajado em atletas jovens”. “Os jovens devem, em alternativa, focar-se em consumir uma alimentação nutricionalmente rica e adaptada à sua realidade desportiva de forma a permitir o normal crescimento e adaptação do organismo ao próprio treino.”

Atenção aos “especialistas”

Este novo manual publicado pela DGS pretende sobretudo “atualizar os conhecimentos nesta área e apoiar o aconselhamento alimentar e nutricional a todos os envolvidos na prática e prescrição de exercício físico”. São abordados temas como a relação da alimentação como rendimento e a recuperação do exercício através de estratégias nutricionais bem escolhidas e individualmente planeadas, assim como “intervenções nutricionais em situações específicas para um atleta, como a hipertrofia muscular e a perda de peso”.

A DGS deixa outro alerta: “são muitos os pretensos especialistas que, muitas vezes a coberto de interesses comerciais, aconselham determinados produtos ou estratégias alimentares, sem base científica e com evidentes riscos a longo prazo para a saúde dos cidadãos”.