Perto de meia centena de pessoas concentraram-se esta quarta-feira próximo do nó do Entroncamento da A23 para reclamar o fim das portagens nesta via e na A13 e repudiar a redução anunciada pelo Governo, invocando as especificidades da região.

Numa concentração que mobilizou alguma presença policial mas que se cingiu a uma rotunda secundária, sem qualquer perturbação da circulação, Manuel José Soares, do Movimento de Utentes dos Serviços Públicos de Santarém (MUSP), defendeu que a taxa aplicada sobre os combustíveis deve reforçar a “renda” que a Infraestruturas de Portugal recebe da fiscalidade que incide sobre os combustíveis para abolir as portagens.

Augusto Figueiredo, igualmente do MUSP, afirmou que esta é “uma questão de justiça” que o movimento coloca antes da discussão na Assembleia da República dos projetos de resolução anunciados sobre esta matéria.

“Queremos a abolição das portagens e que o Governo se comprometa a não esquecer a A13 e a A23. Dizem que não há dinheiro, mentira, somos o único pais no mundo que em seis anos pagou quatro bancos, em que 18% do que os portugueses produzem foi para pagar o BPP, o BPN, o BES, o Banif. É muito milhão de euros. Há dinheiro, haja é justiça e capacidade política para o aplicar em quem trabalha e em quem vive nas zonas de baixa densidade populacional e desertificadas”, declarou.

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O protesto, que contou com a presença de representantes das comissões de utentes do Médio Tejo, serviu para “lembrar” que “não há alternativas viáveis” à A13 e à A23, que os custos da “mais cara autoestrada do país” vieram deteriorar os rendimentos de famílias e empresas e degradar as vias secundárias para onde se desvia o trânsito.

Manuel José Soares referiu ainda a particularidade de a população do Médio Tejo ser servida por três unidades hospitalares, em Abrantes, Tomar e Torres Novas, de fácil acessibilidade pela A23 mas com custos que se revelam incomportáveis para utentes e famílias.

Apontou ainda o facto de tanto a A23 (que liga a A1 junto a Torres Novas à Guarda) como a A13 (entre o nó da A1 em Santarém e a Marateca e, na zona de Tomar, entre a A23 e Ceira) terem, em alguns troços, sido construídas “sobre o IP6 e o IC3, respetivamente”, deixando as populações sem alternativas.

O movimento refuta em absoluto a ideia de baixar a portagem mas introduzir o pagamento em todos os troços, considerando não ser “justo sacrificar toda uma região para ‘respeitar’ garantias de taxas de lucro” às empresas “entre os 4,5% e os 17%”.