O embaixador da Guiné Equatorial em Lisboa afirmou esta quarta-feira que, no futuro, poderá haver emissões da RDP e RTP África naquele país, membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e onde predomina o espanhol há 300 anos.

“Estamos certos de que, no futuro, poderemos vir a contar com emissões da RDP e RTP África no território da Guiné Equatorial, para uma maior difusão da diversidade cultural dos países da CPLP e da língua que é comum a todos”, afirma, em comunicado, o embaixador da Guiné Equatorial em Lisboa e junto da CPLP, Tito Mba Ada, assinalando o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP, que se comemora esta quinta-feira.

Na nota, o embaixador apela à “compreensão de todos os portugueses” e diz que o seu país conta “com a colaboração das universidades” na reintegração do português na Guiné Equatorial, antiga colónia espanhola.

A missão permanente da Guiné Equatorial junto da CPLP recorda que aquele país poderia ser hoje uma ex-colónia portuguesa e um PALOP (País Africano de Língua Oficial Portuguesa), lembrando que o país foi trocado, no século XVII, com os espanhóis por territórios no Brasil.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“O único rasto da língua portuguesa está evidenciado no crioulo Fá d’Ambo, ainda falado nas ilhas de Annobon e Bioko”, afirma o comunicado, que acrescenta que há três séculos que os equato-guineenses falam castelhano e “não é de um dia para o outro que se retoma a língua original”.

“No âmbito do acordo com o instituto Camões para a promoção da língua portuguesa na Guiné Equatorial, e no cumprimento dos compromissos assumidos aquando da integração na CPLP [em 2014], a Guiné Equatorial enviou dez funcionários da sua administração a Lisboa, no passado dia 02 de abril, para uma formação de noventa dias” em português, acrescenta a mesma nota.

Por outro lado, “numa importante iniciativa institucional, é atualmente feita a transmissão regular de telejornais em português”, na televisão da Guiné Equatorial, refere ainda.

A promoção do uso do português, que foi declarada língua oficial da Guiné Equatorial, a par do espanhol e do francês, era uma das condições de adesão deste país à CPLP, tal como a abolição da pena de morte.

Em março passado, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, transmitiu, em Lisboa, ao seu homólogo equato-guineense que os membros da CPLP, e Portugal “com particular atenção”, esperam que as autoridades de Malabo deem “passos significativos na plena adoção do português como uma das línguas oficiais do país e a promoção do seu ensino em todo o sistema escolar”.

Nesse sentido, Portugal ofereceu-se para colaborar na implementação do português no sistema de ensino, seguindo o modelo aplicado, com sucesso, na Namíbia, uma tarefa na qual o Brasil também pode colaborar.

A oferta, reiterou o chefe da diplomacia portuguesa esta terça-feira, mantém-se “completamente válida” e o Governo português espera que “seja acolhida pelas autoridades” da Guiné Equatorial.