O primeiro-ministro turco pediu a demissão e vai sair do cargo após o congresso do seu partido, a 22 de maio. A decisão foi tomada uma reunião, sem resultados, para resolver o braço-de-ferro na luta pelo poder com o Presidente Recep Tayyip Erdogan.

O primeiro-ministro e o Presidente estiveram juntos numa reunião que durou cerca de duas horas. Ahmet Davutoglu, primeiro-ministro desde 2014, vai abdicar de se recandidatar à liderança do partido no congresso extraordinário que se realizará nas próximas semanas, abdicando efetivamente do cargo de primeiro-ministro.

A saída de Davutoglu será o culminar de um braço-de-ferro com Recep Tayyip Erdogan, o sempre presidente da Turquia, que era primeiro-ministro até 2014 e depois escolheu Ahmet Davutoglu para liderar o Governo, mas só após reforçar os poderes do Presidente (lugar que viria a ocupar) e construir um palácio presidencial de grandes proporções.

Nas últimas semanas, os Davutoglu e Erdogan estarão numa intensa disputa por reafirmar o seu poder nas negociações com o ocidente para encontrar uma solução para a crise dos refugiados, mas se o primeiro-ministro é visto como alguém mais inclinado para fazer reformas e aprofundar as relações de longo prazo com a Europa, Erdogan é visto cada vez mais como um déspota que luta para se agarrar ao poder.

Os processos e detenções de jornalistas, críticos e até comediantes que se opõem à sua governação ou criticam as suas decisões colocaram Erdogan cada vez mais no centro dos holofotes, mas as dúvidas sobre o papel da Turquia no combate ao Estado Islâmico e o seu papel na guerra da Síria há muito que deixaram o regime sob suspeita.

A saída de Erdogan estará a deixar os líderes europeus preocupados, até porque foi na manhã desta mesma quarta-feira que os líderes da União Europeia se juntaram para aprovar a proposta de dispensa de vistos para os cidadãos turcos que viajem para países da União Europeia, medida que faz parte do muito contestado acordo com a Turquia para conter a entrada de refugiados na Europa.

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