O semanário Expresso e a TVI revelaram esta sexta-feira que Hélder Bataglia, o ex-homem forte do Grupo Espírito Santo em África, é sócio de Julienne Sassou Nguesso. O ex-líder da Escom e uma das filhas de Denis Sassou Nguesso, presidente do Congo Brazzaville desde 1979 (com um interregno de 5 anos na década de 90), são membros da administração da Ecoplan Finance Limited. Outra administradora desta sociedade criada em 1998 nas Ilhas Virgens Britânicas pela Mossack Fonseca, escritório de advogados do Panamá, é Veronique Bokouangui Ngombe, ex-assessora de Sassou Nguesso para os Assuntos Sociais e atual embaixadora na Costa do Marfim.

Segundo o Expresso, a Ecoplan Finance terá servido como sociedade-veículo para controlar parte do capital social da Escom Congo — que será um dos maiores players nos mercados de construção e do imobiliário do Congo Brazzaville. A Ecoplan Finance tinha um capital social cuja titularidade era efetuada através de ações ao portador, sendo gerida por administradores representantes da Escom Congo (Hélder Bataglia e Luís Horta e Costa) e por Julienne Sassou Nguesso e Veronique Bokouangui Ngombe.

Citando um perfil de Bataglia anteriormente publicado no Expresso, é recordado que as relações entre Denis Sassou Nguesso e o empresário português remontam a 1997, quando o Congo estava em guerra civil e o líder congolês encontrava-se refugiado em Paris. Foi nessa altura que o então líder da Escom aceitou o desafio de Nguesso e aterrou em Brazzaville para construir o aeroporto internacional, reconstruir a rádio nacional e promover a pavimentação de uma parte da cidade.

De acordo com uma notícia do jornal Liberation, Julienne Sassou Nguesso esteve sob investigação das autoridades francesas devido a uma alegada origem ilícita do seu património financeiro. Tudo começou quando a filha de Denis Sassou Nguesso adquiriu e restaurou com o seu marido uma mansão em Neuilly-sur-Seine avaliada em mais de 8 milhões de euros. De acordo com aquele jornal francês, as autoridades judiciais suspeitavam que esse valor teria origem num alegado pagamento de ‘luvas’ de 12 milhões de euros de uma empresa egípcia (a Orascom) para obter a necessária autorização para operar no Congo.

Não é a primeira vez que o regime de Denis Sassou Nguesso é notícia em Portugal devido a paraísos fiscais. Recorde-se que o caso que envolve o empresário José Veiga, e que está na origem da sua prisão preventiva, está centrado em suspeitas da prática do crime de corrupção no comércio internacional no Congo Brazzaville, como pode ler aqui e aqui.

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