Mercúrio passa esta segunda-feira diante do Sol, um fenómeno raro que só volta a acontecer em 2019, e que, esta tarde, pode ser observado em Portugal, através de telescópios com filtros solares, se o estado do tempo permitir.

O trânsito de Mercúrio, o planeta do sistema solar mais próximo do astro-rei, durará mais de sete horas: começa pelas 12h12 (hora de Lisboa), atinge o ponto máximo às 15h56 e termina pelas 19h41, de acordo com o Observatório Astronómico de Lisboa.

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O planeta, que, aos olhos de quem o observa, surgirá como um pequeno círculo escuro, move-se lentamente ao cruzar o disco solar. À passagem de Mercúrio entre o Sol e a Terra dá-se o nome de ‘trânsito’. Os trânsitos dos planetas – quando passam entre a Terra e a estrela que orbitam – permitem aos cientistas detetar a presença de planetas em sistemas estelares distantes.

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Embora Mercúrio passe pela Terra a cada três ou quatro meses, o trânsito é um fenómeno é raro. A órbita de Mercúrio está inclinada em relação à órbita da Terra, fazendo com que só em momentos precisos se coloque precisamente entre o nosso planeta e a estrela que nos ilumina.

O fenómeno ocorre, na sua plenitude, na Europa Ocidental, no leste da América do Norte, no norte da América do Sul, no Ártico, na Gronelândia, no extremo noroeste de África e no Oceano Atlântico. Em Lisboa e no Porto, se a meteorologia o permitir, já que estão previstos aguaceiros, pode ser observado, através de telescópios devidamente protegidos, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, no Planetário Calouste Gulbenkian e no Planetário do Porto (que deixa algumas recomendações aqui).

O Observatório Astronómico de Santana nos Açores, também estará a acompanhar o fenómeno, entre as 11h13 e as 18h40 (hora local) de portas abertas ao público. Para quem não conseguir deslocar-se a uns dos centros de observação o país deixa um conselho: a forma mais segura de ver o trânsito é projetando o sol (como explicam aqui).

O Centro Ciência Viva de Constância, assim como o Centro Ciência Viva de Lagos, na Praça Gil Eanes, também organizaram observações deste fenómeno.

Trânsito de Mercúrio no dia 9 de maio de 2016 - OAL/FCUL

Trânsito de Mercúrio no dia 9 de maio de 2016 – OAL/FCUL

Para que o trânsito de Mercúrio aconteça, o planeta, além de estar entre o Sol e a Terra, tem de cruzar o plano orbital da Terra, o chamado plano da elíptica, segundo o astrofísico Pedro Machado. O investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço explicou à Lusa que a raridade do fenómeno se deve ao facto de ocorrer 13 vezes por século, em maio ou em novembro, em intervalos de tempo que podem ser de três anos e meio, sete anos, nove anos e meio, dez anos ou 13 anos.

Hoje, como em todos os trânsitos de maio, Mercúrio parece ser 150 vezes mais pequeno do que o Sol. No caso dos de novembro, o tamanho do planeta parece ser 200 vezes menor do que o Sol. As variações no tamanho aparente de Mercúrio devem-se “à grande excentricidade [alongamento da elipse] da órbita” do planeta, esclareceu Pedro Machado.

O próximo trânsito de Mercúrio será a 11 de novembro de 2019. O último foi já a 8 de novembro de 2006, mas como começou por volta das 19 horas (hora de Lisboa) não foi possível observar. Assim, já desde 7 de maio de 2003 que não se via um trânsito de Mercúrio a partir de Portugal.

À semelhança de Mercúrio, também Vénus pode passar entre a Terra e o Sol, o que acontece duas vezes em cada cem anos.

Atualizado às 9h45