Não é a primeira vez que o tema do castigo vem à baila: há cerca de dois anos o polémico pediatra espanhol Carlos González dizia ao Observador que todos os castigos são inúteis e há menos tempo ainda Magda Gomes Dias, formadora nas áreas de comportamento e comunicação, afirmava que o castigo e a palmada são a lei do menor esforço. Na mesma linha de pensamento está o neuropsicólogo Álvaro Bilbao, que ao El Mundo explicou como pretende ajudar os pais a estimular a inteligência dos seus filhos ao evitar pô-los de castigo.

A conversa com o jornal espanhol não vem ao acaso e surge a propósito do livro El cerebro del niño explicado a los padres (o que em português será “O cérebro das crianças explicado aos pais”), assinado pelo neuropsicólogo. Álvaro Bilbao — que considera que o castigo é uma estratégia pouco desenvolvida para educar os filhos — apresenta, assim, quatro formas de aplicar limites aos mais novos sem os castigar:

  • antecipar o fracasso e dar ferramentas aos mais novos para resolver os seus próprios problemas. O autor dá um exemplo prático: “Se sabe que o seu filho morde a irmã quando se zanga, então não espere pelo desentendimento. Ajude-o a não mordê-la”;
  • introduzir uma relação de causa-efeito aos mais novos, enfatizando a importância da consequência; é a velha máxima de dizer aos filhos “não tens um brinquedo novo enquanto não arrumares o quarto”, caso este deixe os jogos e a bonecada espalhados pelo chão;
  • mudar a perspetiva, isto é, mostrar o lado positivo quando a corrigir uma atitude errada da criança, de modo a que esta se foque no bom comportamento e o associe a um sentimento de satisfação; um exemplo pode ser a afirmação “os meninos que se portam bem podem ver os bonecos animados”;
  • ensinar os miúdos a pedir desculpas e a reparar os erros, de forma a que estes percebam que as suas ações têm consequências que precisam de ser emendadas.

No meio disto tudo, o autor relembra que os pais devem dedicar tempo e atenção aos filhos, algo tido como um dever de máximo importância (e também direito) de quem educa.

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