“Dou graças a Deus e declaro aberta ao tráfego e ao serviço da nação a Ponte Salazar”. Cem milhões de pessoas por toda a Europa colaram-se à televisão para assistir à inauguração da que seria a maior ponte do continente. Era um sábado de sol, aquele 6 de agosto de 1966. Depois de se tocar o hino nacional, de vinte e um tiros se terem ouvido em Almada e de o cardeal Cerejeira ter abençoado a construção, abriu finalmente “o grande símbolo do futuro”, como descreveu o Diário de Notícias do dia seguinte.

O primeiro automóvel a circular ao longo dos quase 2.300 metros do tabuleiro da Ponte Salazar, mais tarde rebatizada de Ponte 25 de Abril, foi um carro da Polícia de Viação e Trânsito, que fazia segurança do carro onde seguia a mulher de Américo Tomás, presidente da República na altura, e de um outro carro no qual viajava António de Oliveira Salazar. Só às 15 horas é que o povo português pode circular na ponte que custou à época dois milhões e 200 mil contos (cerca de 11 milhões de euros): o primeiro carro civil a atravessar a ponte para “a outras banda” foi um Austin-Seven verde com a matrícula “DC – 72 – 48”. Nas primeiras dez horas, seguiram-se 50 mil automóveis e cerca de 200 mil pessoas a bordo deles.

A construção de uma ponte sobre o Tejo era um plano muito antigo do Governo português, mas apenas nos anos cinquenta é que foram dados passos efetivos nesse sentido. O engenheiro José Estevão Canto Moniz, que viria a ser ministro da Comunicação, abriu um concurso internacional que recebeu quatro projetos. Em 1960, a empresa norte-americana United States Steel Export Company ganhou os direitos de construção, vinte e cinco anos depois de ter enviado para Portugal um primeiro plano de construção para uma ponte suspensa no rio Tejo.

A construção começou em 1962 e terminou quatro anos mais tarde. Muitos compararam-na à Golden Gate de S. Francisco nos Estados Unidos, principalmente por causa da cor, da forma e dos materiais da ponte. Mas, na verdade, inspirou-se na ponte erguida na Baía de Oakland, também ela em São Francisco, pela mesma empresa. Desta última herdou a disposição dos ferros dos pilares, em “X”.

Veja imagens da construção e dos primeiros dias de vida da Ponte 25 de Abril, que o Observador encontrou no Arquivo Municipal de Lisboa e da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian.

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