Uma potencial vacina contra a malária revelou-se eficaz a proteger adultos da infeção durante mais de um ano, revela um estudo esta segunda-feira publicado na revista científica Nature Medicine.

As conclusões agora publicadas resultam de ensaios clínicos de fase 1 realizados por cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, com a vacina PfSPZ, desenvolvida e produzida pela farmacêutica Sanaria Inc., com apoio do Instituto Nacional para a Alergia e Doenças Infecciosas, dos EUA.

Segundo um comunicado da Universidade de Maryland, esta vacina é a primeira a revelar proteção de alto nível contra a malária por um período tão longo.

No ensaio clínico, os cientistas expuseram um pequeno número de voluntários adultos saudáveis ao parasita ‘Plasmodium falciparum’ (‘P. falciparum’), que provoca a forma mais grave da malária, num ambiente controlado.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Este parasita é transmitido aos humanos através da picada de fêmeas infetadas de mosquito.

A vacina PfSPZ consiste em ‘P. falciparum’ vivo atenuado, no seu estádio de desenvolvimento mais precoce.

Estudos anteriores já tinham demonstrado que a vacina funcionava até três semanas depois da imunização, pelo que o estudo agora publicado pretendia analisar os efeitos de mais longo prazo.

O ensaio envolveu 101 adultos saudáveis de entre 18 e 45 anos, que nunca tinham tido malária.

Destes, 59 receberam a vacina e 32 não foram vacinados.

Os voluntários que receberam a vacina foram divididos em grupos para avaliar variáveis como a dose, o número de imunizações ou a via de administração.

Os participantes foram depois expostos a mosquitos infetados pela mesma estirpe do ‘P. falciparum’ utilizada na vacina, tendo os cientistas recolhido amostras de sangue dos voluntários para medir o nível de infeção e evidências de proteção.

A administração intravenosa parece conferir maior proteção do que a injeção intramuscular, tanto no curto como no longo prazo.

Em termos gerais, o estudo demonstrou que a vacina protegeu até um ano mais de metade (55%) dos voluntários.

Nessas pessoas, a vacina parece proteger contra a infeção e também impedir que a pessoa infetada possa contribuir para transmitir a doença.

Em 2015 registaram-se 214 milhões de casos de malária e a doença matou 438 mil pessoas, 90% das quais na África Subsaariana e 78% das quais crianças com menos de cinco anos.

Provocada por um parasita que é transmitido aos humanos pela picada de um mosquito, a malária, também conhecida como paludismo, ameaça hoje cerca de 3,2 mil milhões de pessoas, quase metade da população mundial.

Os primeiros sintomas da malária são febre, dores de cabeça e vómitos e aparecem entre 10 e 15 dias depois da picada do mosquito, mas se não for tratada, a malária por ‘P. falciparum’ pode progredir para uma fase grave e acabar por matar.

O combate à doença passa por uma diversidade de estratégias, incluindo a prevenção, através do uso de redes mosquiteiras impregnadas de inseticida e pulverização do domicílio, assim como pelo diagnóstico e tratamento dos casos confirmados com medicamentos anti maláricos.

Ainda não existe qualquer vacina para a doença, embora recentemente a Organização Mundial de Saúde tenha aprovado a realização de estudos piloto da candidata mais avançada.