O Presidente turco afirmou esta terça-feira que a Turquia “não receberá ordens de ninguém”, num momento de tensão com Bruxelas sobre o acordo de acolhimento de refugiados e as exigências europeias para isentar de visto os cidadãos turcos.

“Impuseram-nos 72 condições [para eliminar os vistos]. Agora, faltam cinco e uma delas é terrível: trata-se de mudar a lei antiterrorista. Desde quando é que se viu a Turquia a receber ordens? Isso não vai acontecer”, disse o chefe de Estado, Recep Tayyip Erdogan, em Ancara, num discurso proferido perante um grupo de empresários turcos.

Erdogan voltou a recriminar Bruxelas por ter permitido (em março) a instalação de “lojas terroristas”, referindo-se a tendas informativas do movimento esquerdista curdo, próximo da guerrilha do Partido de Trabalhadores do Curdistão (PKK).

O governante recordou também que a abolição dos vistos não é um assunto recente, mas sim uma questão em negociação há anos, e que o compromisso da União Europeia (UE) era, desde há muito tempo, que a medida iria ser efetiva em outubro de 2016, se bem que nos últimos meses se tentou antecipá-la para junho.

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“Espero que cumpram a palavra dada e que este assunto se conclua o mais tardar em outubro”, disse o Presidente turco.

Por outro lado, Erdogan exigiu que a UE seja “mais justa” com o seu país.

“Disseram-nos que nos iam dar 3.000 milhões de euros pelos refugiados. Não nos deram nada. Vêm ver os acampamentos [para refugiados], mas pedem-nos que lhes mandemos projetos. Estão a gozar connosco? Não mandaremos projetos. Nós já construímos estes acampamentos”, frisou.

“É como aproveitarem-se da generosidade de uma nação. Não vamos permitir que o façam connosco”, concluiu Erdogan.

A Turquia e a UE assinaram um polémico acordo prevendo a devolução de refugiados e imigrantes de cinco ilhas gregas à Turquia e o envio da mesma quantidade de sírios para a Europa de forma ordenada.

Em troca, a Turquia deve receber pelo menos 3.000 milhões de euros, que deverá investir na assistência aos mais de 2,5 milhões de refugiados, a grande maioria sírios, que já alberga.