A concelhia do PSD/Porto acusou este sábado presidente da autarquia, Rui Moreira, de “desperdiçar todo o trabalho” feito pelo anterior executivo, liderado por Rui Rio (PSD), ao “deixar no papel” a reabilitação do pavilhão Rosa Mota.

Em comunicado, a concelhia social-democrata critica também o autarca por “má gestão”, “falta de vontade política e ambição” e uma “política de ausência total de investimento”, já que Moreira gasta o “dinheiro dos contribuintes essencialmente em despesa corrente não produtiva”, deixando “no papel obras fundamentais para a cidade e para o seu desenvolvimento”.

O PSD diz ainda que Moreira “ignorou e desperdiçou todo o trabalho até agora realizado”, ao “abdicar de construir [no Rosa Mota] um Centro de Congressos”, optando “por uma intervenção minimalista, que não serve os interesses do Porto e da região norte e é contrária ao desenvolvimento económico”, referindo-se a um concurso público lançado pelo atual executivo em 2014, que terminou em 2015 com a exclusão das duas candidaturas apresentadas.

“O anterior executivo, presidido por Rui Rio, promoveu, em tempo, a elaboração de um projeto a cargo do arquiteto Carlos Loureiro com inúmeros parceiros de credibilidade inatacável, entre os quais a AEP [Associação Empresarial de Portugal], a Parque Expo e o Coliseu do Porto. Este projeto estava, e está, pronto, bem como pago”, destacam os sociais-democratas depois de uma visita feita hoje ao pavilhão que continua por recuperar.

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Miguel Seabra, presidente da concelhia do PSD, sustenta ainda que Moreira decidiu, “de forma surpreendente, anular o concurso” lançado para reabilitar o Rosa Mota porque a proposta da Associação Comercial do Porto (ACP) “era muito fraca”.

“Rui Moreira lançou um concurso ao qual foram apresentadas duas propostas: uma pela ACP (entidade presidida pelo próprio Rui Moreira até 2013) e outra liderada pela ‘Porto Eventos’. Como tecnicamente se concluiu que a proposta da ACP era muito fraca e levantava muitas dúvidas quanto ao seu sucesso em relação à concorrente, o presidente da Câmara decidiu, de forma surpreendente, anular o concurso”, assinala o presidente da concelhia.

O PSD quis, por isso, “alertar os cidadãos do Porto para as opções erradas, a enorme trapalhada e a pouca transparência do atual projeto camarário para o Pavilhão Rosa Mota”, bem como para “os custos desnecessários com o novo projeto e o desperdício dos montantes já pagos”.

O PSD pretendeu ainda denunciar “a falta de vontade política e a falta de ambição que o presidente da Câmara demonstra ao não dotar a cidade e a região de um equipamento fundamental para a modernização, o desenvolvimento e a valorização da cidade do Porto e de toda a região.

Contactado pela Lusa, Nuno Santos, adjunto de Rui Moreira, informou que “a Câmara do Porto não comenta comunicados da concelhia do PSD”.

Em março, a mesma fonte disse à Lusa que a autarquia estava a analisar a decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto que condenava a empresa municipal Porto Lazer a retomar o concurso público de concessão do Rosa Mota, readmitindo a proposta de um consórcio.

O concurso lançado por Moreira pretendia “assegurar a reabilitação do edifício” e adequar o “espaço a novos requisitos técnicos que permitam que seja um pavilhão com a valência de centro de congressos”.

O projeto de Carlos Loureiro contemplava a construção de um centro de congressos fora do edifício do Rosa Mota, nos jardins do Palácio de Cristal.

A autarquia abandonou em dezembro de 2012 a Parceria Público-Privada com a Associação Empresarial de Portugal (AEP), a Parque Expo, o Pavilhão Atlântico e o Coliseu do Porto para o projeto que chegou a atingir os 25,7 milhões de euros.