O The New York Times foi saber como é que Donald Trump, o controverso candidato na corrida entre os republicanos para as presidenciais nos EUA, trata as mulheres em privado — tanto nas suas relações pessoais, como profissionais. O jornal publica dezenas de episódios vividos por mulheres cujas vidas se cruzaram, de algum modo, com Trump. São histórias sobre mulheres tratadas como troféus de beleza, beijadas nos lábios de modo inadvertido ou alvo de reparos inapropriados. Mas também há casos de mulheres agradecidas pela oportunidade de carreira que tiveram. Trump responde a tudo.

Estávamos em 1997 e o cenário é o do Concurso de Miss Universo. Temple Taggart, miss Utah, tinha 21 anos e ainda não conhecia o novo dono da empresa que organiza a competição de beleza: Donald Trump. A jovem conta como foi a apresentação:

Beijou-me diretamente nos lábios. Eu pensei, ‘Oh meu Deus, que nojo.’ Na altura ele era casado com a Marla Maples. Penso que houve mais algumas raparigas que ele beijou na boca. Eu pensei ‘Uau, que inapropriado.”

Contactado pelo The New York Times, Donald Trump nega o episódio, garantindo que tem relutância em beijar estranhos nos lábios. Mas a ex-miss Utah diz que aquele não foi um incidente isolado.

O trabalho do jornal dá conta da relação paradoxal do presumível candidato a Presidente dos EUA com as mulheres. Conta, por exemplo, como Trump confiou em mulheres para construir o seu império imobiliário.

Por exemplo, nos anos 80 Trump contratou Barbara A. Res para supervisionar a construção da Trump Tower, numa época em que o imobiliário era um mundo dominado por homens. A ex-colaboradora conta ao The New York Times:

Ele disse-me: ‘Sabes que és uma mulher num mundo de homens. Os homens tendem a ser melhores do que as mulheres, mas uma boa mulher é melhor do que dez bons homens.’ … Ele pensava mesmo que me estava a elogiar.”

Mas não foi por isso que Trump deixou de a tratar com algum paternalismo: explicou-lhe que queria que ela se transformasse na sua “Dona Trump” para o projeto.