O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, inicia hoje a sua primeira visita oficial à China, numa altura em que o caso das dívidas ocultadas e a queda do preço das matérias-primas fragilizou o país africano.

A visita, que decorre até 21 de maio, terá “um cunho essencialmente económico”, sendo de esperar que a China “reforce os apoios financeiros concedidos” ao país, segundo uma nota emitida pela Frelimo.

Moçambique foi abalado pela descoberta recente de empréstimos de 1,4 mil milhões de dólares que não foram contabilizados nas contas públicas ou reportados ao Fundo Monetário Internacional (FMI), numa caso que descredibilizou o país perante os mercados financeiros e doadores internacionais.

Já a descida do preço das matérias-primas levou a uma depreciação de 35% da moeda local, enquanto as reservas em moeda estrangeira caíram 25% no ano passado.

Durante a visita, que decorre até 21 de maio, Nyusi vai reunir, em Pequim, com o Presidente chinês, Xi Jinping, e “outros responsáveis chineses”.

É o segundo encontro entre os dois estadistas no espaço de seis meses.

Filipe Nyusi encontrou-se com Xi em dezembro de 2015, na África do Sul, durante o Fórum para a Cooperação China-África.

A delegação moçambicana tem ainda previstas deslocações às províncias de Shandong e Jiangsu, ambas na costa leste do país.

A China, que apoiou os guerrilheiros da Frelimo na luta contra a administração portuguesa, foi um dos primeiros países a estabelecer relações diplomáticas com Moçambique, logo no próprio dia da independência, 25 de junho de 1975.

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Nos últimos anos, as relações bilaterais registaram um novo ímpeto, sobretudo a nível comercial e financeiro.

Desde 2012, o país asiático aumentou em 160% o financiamento a Moçambique, tornando-se no ano passado o maior credor bilateral do país, segundo dados citados pela imprensa moçambicana.

Em meados de 2015, foi anunciado um novo empréstimo de 400 milhões de dólares, destinado à construção de uma linha de transmissão elétrica entre as províncias da Zambézia e Nampula.

E apesar de, em 2015, o comércio bilateral ter recuado 33,95%, em termos homólogos, para 2.393 milhões de dólares, no ano anterior mais do que duplicou, indicam estatísticas da Administração-geral das Alfandegas chinesas.

No ano passado, o jornal oficial China Daily descreveu Moçambique como “um diamante à espera de ser polido com a ajuda do seu principal parceiro asiático, a China”, referindo-se ao país como “uma porta dourada para o sul do continente africano”, com “ilimitados recursos naturais”, “uma invejável localização” e “novas indústrias”.

A última visita oficial de um Chefe de Estado moçambicano a Pequim ocorreu exatamente há três anos, mas na altura o protagonista foi Armando Emílio Guebuza.

Já Xi Jinping, 62 anos, tinha ascendido ao poder poucos meses antes.