Dilma Rousseff, Presidente brasileira com mandato suspenso, condenou esta segunda-feira a reação do Governo interino às críticas dos países latino-americanos ao seu processo de impeachment (destituição) e agradeceu a “solidariedade” que tem recebido “do mundo inteiro”.

“Forças partidárias, como as que pretendem agora conduzir a política externa brasileira – tradicionalmente submissas às grandes potências – não têm autoridade política ou moral para invocar o princípio da soberania, sobretudo quando têm costumeiramente praticado a ingerência nos assuntos internos de outros países da região”, disse, num texto publicado nas redes sociais com o título “O mundo preocupado com o golpe no Brasil”.

Dilma Rousseff reagiu ao facto de o Ministério das Relações Exteriores ter repudiado a posição de alguns Governos da região e do secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Ernesto Samper.

As críticas ao impeachment revelam, na visão de Dilma Rousseff, “a preocupação de que essas práticas, travestidas de legalidade, possam se espalhar por outras partes do mundo, especialmente na América Latina”, promovendo a desestabilização de governos legítimos”, e revertendo “grandes conquistas sociais e democráticas”.

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Segundo a Presidente com mandato suspenso, “povos da América Latina estão também preocupados com as ameaças que o novo ministro recorrentemente fez ao Mercosul”.

Dilma Rousseff referia-se ao facto de o chefe da diplomacia brasileira interino, José Serra, ser um crítico da Mercosul, considerando um dos principais blocos económicos de que o Brasil faz parte é um “delírio megalomaníaco”.

A líder temporariamente afastada do cargo denunciou ainda a “disposição” de José Serra para “estabelecer acordos económicos e comerciais profundamente lesivos ao interesse nacional”.

No mesmo texto, Dilma Rousseff mostrou também gratidão à “solidariedade” que tem recebido “do mundo inteiro” contra o processo de impeachment, que qualificou de “farsa jurídica”.

Dilma Rousseff foi temporariamente afastada do cargo na sequência da aprovação de um pedido de impeachment no Congresso na quinta-feira, por suspeitas de irregularidades orçamentais, com despesas não autorizadas.

Enquanto decorre o julgamento, que não poderá exceder um período de 180 dias, Michel Temer, até agora vice-presidente, assumiu os destinos do país.

A líder brasileira só será afastada definitivamente se for condenada por uma maioria de dois terços dos senadores.