Os destinos turísticos paradisíacos são desejados por muitos, mas o lado menos positivo do turismo de massas em locais de beleza natural incomparável é o risco que causa: graves danos a ecossistemas frágeis. Para evitar que a pressão dos turistas sobre os recursos naturais sejam irreversíveis, as autoridades da Tailândia decidiram barrar a entrada aos visitantes na ilha de Koh Tachai, em Phang Nga.

Mas esta não é a única ilha daquele país do sudoeste asiático que cujos recursos naturais e ambiente estão a ser fortemente prejudicados pelo turismo. As ilhas Phi Phi também estão sob pressão crescente como resultado de um boom descontrolado de turistas, em especial depois de terem servido de cenário ao filme “A Praia” (2000) de Danny Boyle, onde o ator Leonardo DiCaprio representa um “turista de mochila” americano que chega às ilhas tailandesas em busca de aventura.

PHI PHI ISLAND, THAILAND - OCTOBER 22: (EDITORIAL USE ONLY) In this handout image provided by Red Bull, Gary Hunt of the UK dives from the 27 metre platform at Maya Bay in the Andaman Sea during the final stop of the 2013 Red Bull Cliff Diving World Series on October 22, 2013 at Phi Phi Island, Thailand. (Photo by Romina Amato/Red Bull via Getty Images)

As ilhas Phi Phi, na Tailândia são também palco do concurso de mergulho Red Bull Cliff Diving World Series

O sucesso do filme refletiu-se num aumento do número de visitantes das ilhas tailandesas, que ultrapassaram os 1,4 milhões de turistas por ano, de acordo com o Conselho de Turismo da Tailândia, refere a BBC.

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As visitas em massa provocaram a destruição dos recifes de coral pelas âncoras dos barcos e pelos mergulhadores. E o ambiente marinho foi gravemente prejudicado pela poluição proveniente das lanchas e pelo despejo de resíduos não tratados no mar.

MEXICO - 2016/01/07: View of the beach with coconut palm trees and palapas at Cozumel Chankanaab National Park on Cozumel Island near Cancun in the state of Quintana Roo, Yucatan Peninsula, Mexico. (Photo by Wolfgang Kaehler/LightRocket via Getty Images)

A ilha de Cozumel, no Parque Nacional de Chankanaab, perto da estância balnear de Cancun, no estado de Quintana Roo, na Península de Yucatán, no México.

A ilha de Cozumel, ao largo da costa do México, também está a sofrer com elevado número de visitas, em especial com os turistas que chegam à ilha em navios de cruzeiro. Cozumel era conhecida pelas beleza das suas praias e pelos recifes tropicais, mas atualmente é mais conhecida por ser o segundo destino mais popular do mundo de navios de cruzeiros do mundo.

Os recifes estão ameaçados pela poluição causada pelos navios que também estão a provocar o aquecimento das águas que danificam o coral.

Pura Taman Saraswati Known As The Ubud Water Palace At Dusk, Ubud, Bali, Indonesia. (Photo By: Education Images/UIG via Getty Images)

O templo Pura Taman Saraswati, em Ubud, Bali, na Indonésia, um dos muitos templos do hinduísmo balinês visitados pelos turistas que se deslocam à ilha.

Outro destino paradisíaco de sonho para muitos, a ilha de Bali, na Indonésia. Apesar de ser conhecida também pela sua vegetação luxuriante, a ilha está ameaçada de desflorestação. O aumento do turismo de massas, que começou a acontecer desde os anos 80, a par com o crescimento da população da Indonésia está também a fazer aumentar exponencialmente os níveis de lixo, mas sem o desenvolvimento das infraestruturas necessárias para o tratar.

Outra ameaça à ilha tem sido o aumento da presença de animais e plantas não-nativas.

Marine Iguana Amblyrhynchus Cristatus Vulnerable Iucn Punta Espinosa Fernandina Island Galapagos Islands Unesco Natural World Heritage Site Ecuador East Pacific Ocean. (Photo by: Banfi Franco/AGF/UIG via Getty Images)

Iguanas marinhas na ilha de Punta Espinosa Fernandina, no arquipélago de Galápagos, no Equador, classificado como Património Mundial da Unesco.

O arquipélago de Galápagos, no Equador, também está ameaçado mas não pelo turismo recreativo. Muitos dos visitantes do arquipélago querem conhecer a biodiversidade única do local que inspirou Charles Darwin e a sua teoria da evolução das espécies. Mas o habitat da ilha é extremamente sensível à pressão externa dos muitos visitantes e também às espécies invasoras que transportam com eles.

Como consequência do aumento da pressão sobre as Ilhas Galápagos, e a necessidade de preservação do seu habitat único, o arquipélago foi classificado como Património Mundial da Unesco.

This picture taken on May 23, 2010 shows a Nepalese sherpa collecting garbage, left by climbers, at an altitude of 8,000 metres during the Everest clean-up expedition at Mount Everest. A group of 20 Nepalese climbers, including some top summiteers collected 1,800 kilograms of garbage in a high-risk expedition to clean up the world's highest peak. Led by seven-time summiteer Namgyal Sherpa, the team braved thin air and below freezing temperatures to clear around two tonnes of rubbish left behind by mountaineers, that included empty oxygen cylinders and corpses. Since 1953, there have been some 300 deaths on Everest. Many bodies have been brought down, but those above 8,000 metres have generally been left to the elements -- their bodies preserved by the freezing temperatures. The priority of the sherpas had been to clear rubbish just below the summit area, but coordinator Karki said large quantities of refuse was collected from 8,000 meters and below. AFP PHOTO/Namgyal SHERPA (Photo credit should read NAMGYAL SHERPA/AFP/Getty Images)

Um nepalês numa campanha de recolha de lixo deixado pelas expedições de alpinistas, no monte Evereste a uma altitude de 8 mil metros.

O Monte Evereste, no Nepal, também sofre a pressão de ser visitado por cada vez mais alpinistas. Desde que Edmund Hillary e Tenzing Norgay chegaram ao topo em 1953, dezenas de milhares de alpinistas têm tentado repetir o feito, apesar de muitos não passarem do acampamento base.

No entanto, quase 7 mil alpinistas já conseguiram chegar ao cume do monte. O equipamento de escalada e alguns dos objetos necessários à realização de tal feito, como alimentos, plásticos, latas, latas de alumínio, vidro, roupas, papéis e tendas, acabam por ficar nas montanhas e causam poluição.

Outro dos problemas do Monte Evereste é o saneamento. Cerca de 11 mil quilos de excrementos humanos são removidos das montanhas todos os anos, um número que permite imaginar a quantidade dos mesmos que não chegam a ser removidos. O grande número de alpinistas que visitam o Evereste está a causar um enorme impacto sobre um ambiente frágil.

Depois de uma avalanche mortal que aconteceu em 2014 houve um decréscimo no fluxo de alpinistas, mas um ano depois do sismo de magnitude 7,8 que o ano passado atingiu o Nepal, as expedições recomeçaram nesta primavera.