O Observador nasceu e cresceu como um projecto 100% digital, mas nunca houve por aqui qualquer preconceito em relação ao papel. Bem pelo contrário: a única coisa que cresceu tão rapidamente quanto as audiências foram as estantes nas paredes, cheias de livros enviados pelas editoras ou comprados nos alfarrabistas do Bairro Alto.

Por isso, quando chegou a altura de comemorar o segundo aniversário do Observador (data de nascimento: 19 de Maio de 2014), a ideia de uma revista surgiu com naturalidade. Objectivo: fixar no papel muitas dezenas dos melhores textos que o jornal produziu ao longo de dois anos. Argumento: o melhor deles consta do editorial da própria revista – e por que não?

De facto, por que não? A revista do Observador – há quem prefira chamar-lhe um jornal – é composta por 144 páginas em formato XL e reúne 25 artigos de fundo e uma dúzia de textos de opinião. Além disso, inclui ainda um caderno central de oito páginas dedicado em exclusivo ao Observador, com um texto dos seus fundadores, um Explicador sobre o passado, o presente e o futuro do projecto, e ainda dezenas de testemunhos na primeira pessoa de quem aqui trabalha.

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A revista é vista por nós como um complemento do projecto digital, uma forma de trazer para um espaço de leitura mais lenta uma série de conteúdos que entendemos serem merecedores de consumo pausado. O Observador destacou-se pela rapidez no acompanhamento da actualidade, mas nunca se esgotou nisso: há inúmeros textos mais reflexivos, ensaios, grandes reportagens, investigações, pequenas histórias intemporais, um jornalismo de grande qualidade que encaixa na perfeição numa revista de luxo.

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A revista tem textos inéditos – entre os quais uma longa entrevista com Pedro J. Ramírez, mítico fundador do El Mundo e actual líder do badalado projecto online El Español –, mas a larga maioria dos artigos já foi publicada no Observador. Contudo, todos os textos foram cuidadosamente revistos e, sempre que necessário, devidamente actualizados.

A revista arranca com cinco textos emblemáticos de cinco géneros jornalísticos na qual o Observador aposta editorialmente: o perfil longo de autor (Marcelo Rebelo de Sousa por Maria João Avillez), o trabalho de investigação (Luís Rosa sobre José Veiga e o grupo JV), a entrevista (Filomena Martins foi a Madrid conversar com o Pedro J. Ramírez), a pequena história intemporal (“O jóquei português que morreu duas vezes”, escrito pelo Miguel Pinheiro) e o ensaio (“A direita e a democracia”, de Rui Ramos).

Após essa primeira parte, a revista segue o curso das secções pela ordem que o Observador exibe no seu cabeçalho: Política, Economia, País, Mundo, Desporto, Ciência, Cultura e Lifestyle. Estão ainda representados formatos emblemáticos do jornal, como as fotogalerias (um portefólio de Horácio Novais, do arquivo Gulbenkian, sobre empresas portuguesas nas décadas de 50 e 60), ou textos que assinalaram iniciativas marcantes do Observador, como é o caso do ensaio sobre a Constituição Portuguesa que António Barreto escreveu a propósito da iniciativa da Nova Constituição.

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Absolutamente decisivo seria sempre a questão do design, e o Observador decidiu trabalhar com os melhores: lançou o desafio a Jorge Silva e à silvadesigners, que acabou de vencer a categoria de Agência de Design do ano atribuída pelo Clube de Criativos de Portugal. O designer Luís Alexandre assumiu a maior parte da revista, Alfredo Cunha emprestou as suas magníficas fotografias a vários artigos, e foram ainda convidados para assinar ilustrações nomes consagrados como João Fazenda, Pedro Lourenço, Marta Monteiro e Gonçalo Pena. Um luxo.

A coordenação editorial da revista ficou à minha responsabilidade. A revista do Observador – ou o jornal, o sexo da criança ainda permanece indefinido – está a partir desta quinta-feira nas bancas, por 3,50 euros.

Como se costuma dizer nestas coisas: compre antes que esgote.