Os diretores escolares defenderam esta sexta-feira que, mais do que medidas de combate ao insucesso, como tutores para alunos repetentes, as escolas precisam de medidas de prevenção de insucesso, como reduzir o número de alunos nas turmas do 1.º ciclo.

“Ao nível do 1.º ciclo a redução de alunos por turma é essencial. É um ciclo estrutural. Um aluno com o 1.º ciclo mal feito é um aluno que vai ter insucesso, mais dia, menos dia”, disse à Lusa o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima.

Para o presidente da ANDAEP, as turmas do 1.º ciclo deviam ter, no máximo, entre 18 e 20 alunos. Números recentes do Conselho Nacional de Educação mostram que cerca de metade das turmas deste nível de escolaridade têm entre 21 e 30 alunos.

“Gostaríamos que o ministro viesse antes acenar com medidas promotoras do sucesso escolar”, disse Filinto Lima, numa referência ao anúncio na quinta-feira, pelo ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, do apoio a alunos com duas ou mais repetências, atribuindo-lhes um tutor, e com a qual os diretores estão de acordo.

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Mas recordando que a figura de tutor não é uma novidade na escola pública, estando “bastante disseminada”, Filinto Lima entende que os 15 milhões de euros previstos para essa medida “de remedeio do insucesso” seriam melhor aplicados em investimento na formação base dos alunos, propondo não só a redução da dimensão das turmas, como também ter professores assistentes nas salas de aula (coadjuvações) e uma aposta no pré-escolar.

A ideia das tutorias anunciada pelo Ministério da Educação é criar grupos com um máximo de dez alunos que vão passar a ter direito a quatro horas semanais com um professor, explicou o ministro aos jornalistas no final da sessão plenária, na Assembleia da República.

Nessas tutorias, os alunos terão apoio ao estudo, mas também ajuda para resolver problemas que tenham na escola ou em casa, exemplificou Tiago Brandão Rodrigues.

O professor será o “adulto de referência que muitas vezes não existe nestas famílias”, acrescentou o secretário de Estado da Educação, João Costa, acrescentando que se trata “de um investimento”.