O ministro da Fazenda (Finanças) do Brasil, Henrique Meirelles, afirmou esta segunda-feira que o “diagnóstico” da crise económica que o país atravessa é o seu “primeiro desafio”.

“É um momento muito importante para a economia brasileira” e, nesse sentido, “vivemos momentos relevantes” e “extremamente positivos”, assinalou Henrique Meirelles durante a intervenção num fórum organizado pela revista Veja, em São Paulo.

Depois de se assumir como ministro e chefe da equipa económica do Presidente interino Michel Temer, Henrique Meirelles considerou que o diagnóstico da economia é “fundamental como ponto de partida” para endireitar as contas do país.

“Necessitamos de um diagnóstico para identificar qual é a fonte do problema”, disse.

Henrique Meirelles é uma das apostas de Michel Temer, que assumiu o cargo no passado dia 12, quando Dilma Rousseff foi suspensa devido a um processo de destituição por irregularidades na apresentação das contas durante a sua governação, em 2014 e 2015.

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O Brasil, cuja economia contraiu 3,8% em 2015 e este ano deverá terminar com uma queda semelhante, enfrenta, além disso, uma forte inflação – que chegou em dezembro a 10,67% -, um desemprego crescente e juros crescentes na sua dívida pública.

“É muito importante endireitar a inflação e o crescimento, mas o foco agora deve ser o diagnóstico, ver o tamanho do problema e ver as soluções, passando por fatores como o fiscal”, repetiu.

O ministro recordou que, entre 1991 e 2015, as despesas primárias passaram de 11% para 19% do Produto Interno Bruto (PIB) e, no período 2008-2015, as receitas cresceram 14% e as despesas 51%.

Por isso, disse, “a regra de ouro”, com esse cenário, é “desequilíbrio fiscal nunca mais”.

Com esse argumento, Henrique Meirelles justificou também o anúncio de um défice fiscal primário para este ano, antes do pagamento dos juros da dívida – de 170,5 mil milhões de reais (cerca de 42,6 mil milhões de euros) -, o pior dado na história do país que, segundo o ministro, fixou-se “com cálculos dos mais rigorosos possíveis”.

“A situação das contas fiscais é séria e grave, e deve ser solucionada, mas existe também muito potencial”, apontou o ministro.

Assim, enfatizou, devem-se “tomar medidas que sejam eficazes e funcionem, porque todos estão de acordo que não é um momento para falhar, é um momento para acertar e eu tenho pressa”.

Quanto ao tipo de medidas adotadas pelo novo governo, Henrique Meirelles evitou dar pormenores porque “estão a ser estudadas” e vão ser anunciadas terça-feira.

Não obstante, adiantou que as medidas vão ter como princípio “o controlo de gastos primários e financeiros, focados no desempenho de gastos e a prestação de serviços públicos”, especialmente os orientados à “parte mais pobre da população brasileira”.

“É um plano de voo com efeitos plurianuais” que visa “o regresso da confiança das famílias e empresários, para retomar a produção, as vendas, o emprego” e, consequentemente, ter um aumento do “potencial de crescimento para ter um aumento de produção e de rendimento”, explicou.

“Serão as primeiras medidas para corrigir o problema, seguidas de outras para melhorar o ambiente de negócios”, concluiu.