A Presidente brasileira com mandato suspenso, Dilma Rousseff, afirmou, na segunda-feira à noite, que os áudios divulgados do ministro do Planeamento afastado, Romero Jucá, deixam “evidente” o caráter “golpista” e “conspiratório” do seu processo de destituição.

“A gravação […] mostra o ministro do Planeamento interino, Romero Jucá, defendendo o meu afastamento como sendo parte integrante, fundamental, de um pacto nacional, e tinha por objetivo interromper as investigações da Lava Jato. Deixa evidente o caráter golpista e conspiratório que caracteriza este processo de ‘impeachment'”, afirmou.

Para a presidente com mandato suspenso, o episódio demonstrou que o processo de ‘impeachment’ é a “melhor estratégia” para paralisar a Operação Lava Jato, que trata do maior esquema de corrupção no país e no qual Romero Jucá também é investigado.

Dilma Rousseff, que falava no IV Congresso Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil, em Brasília, prosseguiu: “Eles, que diziam que era para continuar a Lava Jato. Por trás, evitavam e tomavam todas as medidas para paralisá-la”.

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“Fui afastada por até 180 dias, para que seja julgado um pedido fraudulento. Um dos principais articuladores confessa involuntariamente ‘sou golpista, somos golpistas e o golpe está em curso'”, acrescentou.

Segundo a edição de segunda-feira do jornal Folha de São Paulo, em conversas ocorridas antes da votação do ‘impeachment’, Romero Jucá sugeriu ao ex-presidente da Transpetro (empresa subsidiária da Petrobrás), Sérgio Machado, que uma “mudança” no governo resultaria num pacto para “estancar a sangria” representada pela Lava Jato.

Segunda-feira de manhã, Romero Jucá justificou que se referia a “estancar a sangria da economia” e, mais tarde, decidiu suspender funções até que o Ministério Público Federal apresente um parecer sobre os áudios divulgados e gravados de forma oculta.

Dilma Rousseff criticou ainda o Presidente interino, Michel Temer, afirmando que o “presidente provisório” não foi autorizado pelo povo a “mexer” em programas sociais e “diminui-los”.

“Não podemos deixar que isso aconteça”, defendeu, dando o exemplo da unificação dos ministérios do Desenvolvimento Social e do Desenvolvimento Agrário.