O Automóvel Clube de Portugal (ACP) considerou esta quarta-feira que a Câmara Municipal de Lisboa manifestou “incompetência” e um “completo desrespeito por quem vive e trabalha na cidade” com as obras na rede viária da capital.

Num comunicado publicado na imprensa, o ACP salientou que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) iniciou um vasto conjunto de obras na rede viária, “muitas delas com fortes implicações no funcionamento do sistema de acessibilidades da cidade, sem ter minimamente em atenção as suas consequências para quem vive ou trabalha na cidade”.

“No âmbito das discussões sobre o projeto na Segunda Circular ou da intervenção no rebatizado Eixo Central de Lisboa, a CML acolheu a parte das propostas do ACP que não punham em causa os objetivos políticos definidos para estas duas intervenções, mas que permitiram melhorar significativamente as propostas iniciais”, adiantou aquela entidade, liderada por Carlos Barbosa.

De acordo com o organismo, a autarquia comprometeu-se a intervir prioritariamente na melhoria da capacidade de funcionamento das transversais, segundo um conjunto de propostas então apresentadas pelo ACP.

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“Mas, ao contrário do que prometeu, a CML lançou-se na obra do Eixo Central (e em breve na da Segunda Circular) sem que nenhuma destas intervenções tivesse ocorrido, nem sequer começado”.

Segundo o ACP, “para disfarçar os problemas que essas obras estão a provocar, a CML adotou medidas que ainda agravaram mais a situação nas transversais existentes nesta zona da cidade ou em arruamentos que podiam contribuir para aliviar o tráfego que circula no Eixo Central, ao mesmo tempo que lançou novas obras que funcionam como verdadeiros estrangulamentos às possíveis alternativas”.

O ACP dá como exemplo as obras na Rua 1.º de Maio, em Alcântara, “que não só dificultam o acesso à Avenida de Ceuta, pois todo o tráfego, incluindo o dos autocarros, foi desviado para a Avenida da Índia, sem que fossem alterados os tempos de semáforo no cruzamento de Alcântara-Mar e disponibilizando apenas uma via para ligar esta artéria à Avenida de Ceuta, através da Rua de Cascais”.

“Não contente com a inversão de prioridades de intervenção na rede viária de Lisboa e com o abandono dos programas de articulação entre o transporte individual e o coletivo, a CML manifesta, com este tipo de intervenções a eito e sem qualquer avaliação das suas consequências no funcionamento da cidade, um completo desrespeito por quem vive e trabalha na cidade e revela uma incompetência que não é admissível em quem gere uma capital europeia”, salienta o ACP no comunicado.

O ACP indicou também que a “secundarização do papel e a marginalização dos serviços de tráfego da CML, só veio piorar a situação do trânsito em Lisboa e vem demonstrar que decisões políticas que não se baseiam em estudos sérios e em técnicos habilitados para o realizarem, têm consequências nefastas para todos e para a cidade”.

No início de mês começaram as obras no Eixo Central, que compreendem a zona entre o Marquês de Pombal e o Campo Grande”.

Na terça-feira, o vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa anunciou que as obras na Segunda Circular, divididas em dois troços, vão “começar imediatamente”, estimando que a segunda empreitada, de maior dimensão, se inicie em agosto.