O comissário da polícia responsável pela investigação à violação coletiva de uma adolescente brasileira no Rio de Janeiro foi substituído no domingo, após pedido da advogada da vítima, que afirma que a sua cliente foi intimidada durante o interrogatório.

“A medida visa evidenciar o caráter protetivo à vítima na condução da investigação, bem como afastar futuros questionamentos de parcialidade no trabalho”, diz a nota da Polícia Civil.

A substituição do comissário Alessandro Thiers, que coordenava a investigação na qualidade de titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, foi pedida pela advogada da jovem de 16 anos.

“A gente está investigando se houve consentimento dela, se ela estava dopada e se realmente os fatos aconteceram”, disse Thiers na sexta-feira. Segundo a advogada Eloísa Samy, o comissário chegou a perguntar à adolescente se “tinha o hábito” de participar em orgias.

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A investigação foi agora entregue a Cristiana Bento, responsável pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima.

A violação da adolescente por mais de 30 homens no Rio de Janeiro consternou o Brasil e desencadeou uma série de condenações nas redes sociais, incluindo da Presidente com mandato suspenso, Dilma Rousseff, e do Governo interino.

Segundo as declarações da jovem, ela foi violada por 33 homens armados, que depois publicaram nas redes sociais vídeos e fotos do crime. A violação terá ocorrido entre sábado e domingo da semana passada, mas só chegou ao conhecimento público na quarta-feira.

“Aqueles que cometeram este crime hediondo serão encontrados, presos e condenados”, prometeu, na sexta-feira, o ministro da Justiça, Alexandre de Morais, em conferência de imprensa.

No entanto, nesse mesmo dia, a polícia acabou por libertar três dos suspeitos, sob ordem de Alessandro Thiers.

A adolescente é mãe de uma criança de três anos e, segundo a família, foi vítima de um ato de vingança por parte de um namorado que a atraiu para uma armadilha, drogou e violou e depois a deixou com o grupo de mais de 30 homens para realizarem a violação em grupo.

O caso abriu um debate no Brasil sobre a chamada “cultura da violação” e provocou numerosas críticas, dentro e fora das redes sociais, contra a “sociedade machista”.

De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma mulher é violada a cada 11 minutos no país e, em 2014, 47.636 pessoas sofreram uma agressão sexual.