A comissão especial do Senado do Brasil que analisa o processo de impeachment da Presidente com mandato suspenso, Dilma Rousseff, decidiu na quinta-feira rejeitar a inclusão no processo de gravações recentemente divulgadas que provocaram baixas no Governo interino.

Numa sessão que durou quase dez horas, os senadores decidiram seguir o parecer do relator, Antônio Anastasia, que considerou que “os factos indicados são totalmente estranhos ao objeto deste processo”.

A defesa argumentou que as gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro (subsidiária da Petrobras), Sérgio Machado, comprovam que o processo de impeachment foi aberto para, na verdade, travar a Operação Lava Jato, que investiga dezenas de políticos e várias empresas, entre as quais a estatal Petrobras.

A divulgação de gravações por parte de Sérgio Machado já levou à queda de dois ministros do atual Governo: Romero Jucá, ex-titular do Planeamento, e Fabiano Silveira, que saiu do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O advogado de Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, e senadores aliados informaram que vão recorrer da decisão para o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski.

A comissão do Senado aprovou, por outro lado, o relatório sobre os requerimentos dos senadores para o depoimento de testemunhas e a junção de provas ao processo.

Após uma longa discussão sobre como seria a votação dos requerimentos apresentados, o presidente da comissão, Raimundo Lira, determinou que fossem votados em blocos, o que levou o advogado de Dilma Rousseff e aliados a abandonarem a sala, porque defendiam que os 86 requerimentos fossem discutidos e votados um a um.

A decisão de Raimundo Lira levou o advogado José Eduardo Cardozo a falar em cerceamento do direito de defesa.

Senadores a favor do impeachment consideraram este pedido uma manobra para atrasar o andamento dos trabalhos da comissão e um deles gritou “tchau, querido”, quando o advogado de Dilma Rousseff abandonou o local, segundo o portal UOL.

Se o processo não for encerrado em 180 dias, Dilma Rousseff reassume a Presidência da República.