O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, solidarizou-se em Lisboa com o responsável pela Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que disse estar a tentar “tudo o que é possível” para estabilizar a situação interna da União Europeia (UE).

“Jean-Claude Juncker tenta tudo o que é possível para encontrar soluções, tendo em consideração a difícil situação em que se encontra a UE e os Estados-membros”, referiu no decurso de uma conferência de imprensa conjunta com António Costa, na residência oficial do primeiro-ministro em São Bento.

“Como presidente de uma instituição europeia, Jean-Claude Juncker está na mesma linha que eu, temos de fazer tudo o for possível para estabilizar a situação política interna da UE, é o nosso maior objetivo”.

Martin Schulz respondia a um questão dos jornalistas relacionada com as declarações do chefe do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, que numa entrevista publicada no jornal alemão Suddeutsche Zeitung criticou Juncker pelas posições sobre o Pacto de Estabilidade, apelando para que o défice da França seja sancionado.

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O chefe do Eurogrupo alertou ainda para o “desleixo” da interpretação sobre o Pacto de Estabilidade e Crescimento, referiu-se à “indulgência” em relação aos “pecadores do défice” e afirmou que a Comissão Europeia seria “mais inteligente” se prestasse mais atenção “à sua própria credibilidade”.

No princípio da semana, ao ser questionado sobre as medidas de exceção aplicadas ao Estado francês, Juncker disse “Porque é a França”, acrescentando que na sequência dos atentados terroristas registados em 2015, o país deve ser tratado de forma especial em relação ao défice devido às elevadas despesas em matéria de segurança.

O presidente do Parlamento europeu escusou-se assim a comentar diretamente as declarações do presidente de outra instituição europeia, “sobretudo fora de Bruxelas”, e optou por destacar o “caminho muito bom” relacionado com os “procedimentos do défice” em Portugal.

“Nos últimos meses a cooperação entre Portugal e a Comissão europeia foi muito construtiva e espero que no âmbito dessa cooperação construtiva, e nos debates sobre os detalhes, possam ser encontradas soluções sem novas medidas adicionais. É a minha esperança, estou otimista de que será possível”, assinalou.

Martin Schulz deslocou-se a Lisboa a convite do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, com quem se encontrou no final da manhã no parlamento.

No início da deslocação, e antes do encontro com Ferro Rodrigues no hemiciclo, Schulz visitou o Centro de Acolhimento para Refugiados dirigido pelo Conselho Português para os Refugiados.

Após o encontro com António Costa, seguido de almoço, Schulz tem previsto durante a tarde uma visita à CAIS – Associação de Solidariedade Social, antes de um encontro com o ex-primeiro-ministro e presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, no Gabinete do Parlamento Europeu em Portugal.

A deslocação conclui-se com uma reunião e jantar com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio da Cidadela, em Cascais.

Ainda na conferência de imprensa, e numa referência à visita ao Centro de Acolhimento para Refugiados, o líder do Parlamento Europeu sublinhou o “forte compromisso de Portugal, o segundo país até ao momento a receber refugiados, e o compromisso do país para ajudar e contribuir para uma solução europeia face à crise dos refugiados que enfrentamos”.

O responsável europeu disse ter ficado “muito impressionado” com o que presenciou, agradeceu o “empenho” de Portugal neste problema e destacou a cooperação entre a instituição europeia e o Governo e parlamento portugueses na busca de “soluções necessárias” para uma UE com mais “justiça social” e um “desenvolvimento económico e social equilibrado”.

E concretizou: “Eu e António Costa trabalhamos há muito nessa direção, partilhamos mais ou menos os mesmos pontos na estratégia necessária para garantir uma abordagem mais equilibrada para mais justiça social”.