Menos de um ano depois de o Chile tornar-se campeão da Copa América em casa, as seleções da Confederação Sul-Americana de Futebol voltaram este sábado a disputar o título da mais antiga competição internacional de futebol. Na edição comemorativa de 100 anos da sua primeira edição, a Copa América torna-se Copa América Centenário e passa a integrar seis equipa da Confederação da América do Norte, Central e Caraíbas (CONCACAF), algo inédito na história do torneio. Esta também é a primeira vez que a competição se realiza fora da América do Sul.

Não sabe se vale a pena acompanhar o torneio? O Observador aponta sete motivos para seguir a disputa.

Um torneio de duas confederações

Apesar de receber o nome Copa América, o torneio é disputado entre as dez seleções da Confederação Sul-Americana de Futebol: Brasil, Argentina, Uruguai, Colômbia, Chile, Paraguai, Equador, Peru, Bolívia e Venezuela. A partir de 1993, duas seleções de outras confederações passaram a ser convidadas para participar do torneio, normalmente da CONCACAF. São os casos do México, que participou de todas as edições desde aquele ano, e a Jamaica, que fez a sua estreia no ano passado. A única exceção foi o Japão, presente na edição de 1999.

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Por tratar-se da edição comemorativa dos 100 anos do torneio inaugural, em 1916, Estados Unidos, Costa Rica, Jamaica, Panamá e Haiti participam da disputa, elevando, pela primeira vez, para 16 o número de equipas. É de salientar, no entanto, que o vencedor do torneio não se classifica para a Taça das Confederações.

Argentina favorita? Não ganha desde 1993

As casas de apostas desportivas apontam a Argentina como a favorita para vencer a competição, seguidas do Brasil, Chile e México. A albiceleste, no entanto, não vence a Copa América desde 1993. Na última edição, em 2015, disputou a final contra o Chile, mas acabou por perder nos penáltis. A Argentina também não é a seleção com o maior número de títulos conquistados. O posto vai para o Uruguai, com 15 campeonatos, sendo o último de 2011. A equipa de Messi venceu a Copa América 14 vezes, seguida do Brasil com oito vitórias.

Já no lado da CONCACAF, o atual vencedor da Copa Ouro, torneio disputado entre os países da América do Norte e Central, é o México, que garantiu o título sobre a Jamaica, em 2015. Na história da competição, “La Tri” também detém o maior número de conquistas, com sete vitórias, contra cinco dos Estados Unidos.

No ranking da FIFA, Argentina (1º), Colômbia (3º) e Chile (5º) são as seleções mais bem posicionadas. Na CONCACAF, México (16º) e Costa Rica (23º) são as equipas que aparecem mais próximas do topo.

Já nas eliminatórias para o Mundial de 2018, Uruguai e Equador lideram entre os países da Conmebol, empatados com 13 pontos em seis jogos, seguidas pela Argentina, com 11 pontos.

Os protagonistas que podem ofuscar as ausências

Messi pode não participar da Copa América Centenário. A estrela da equipa argentina lesionou a zona lombar num jogo amigável disputado contra as Honduras, na última semana. Apesar de estar nos Estados Unidos com o resto da equipa, ainda não se sabe se disputará o jogo de estreia contra o Chile na segunda-feira. O Brasil, por sua vez, não contará com Neymar, numa decisão conjunta entre Confederação Brasileira de Futebol com o Barcelona. O avançado foi poupado da competição para que possa participar dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto.

Chile's forward Alexis Sanchez celebrates after scoring a goal during the Round of 16 football match between Brazil and Chile at The Mineirao Stadium in Belo Horizonte during the 2014 FIFA World Cup on June 28, 2014. AFP PHOTO / MARTIN BERNETTI

Alexis Sanchez, Chile

A ausência de Neymar e a possível ausência de Messi deixa espaço para que outros nomes disputem a atenção do público. O jornal New York Times destaca alguns jogadores: Alexis Sánchez (Arsenal) e Arturo Vidal (Bayern Munich) podem fazer a diferença pelo Chile; a Argentina traz Ángel Di Maria, Sergio Agüero e Javier Pastore; Javier “Chicharito” Hernández deve liderar o México; Philippe Coutinho desponta como o nome forte do Brasil; e Juan Cuadrado e James Rodríguez destacam-se pela equipa colombiana.

Uma competição à procura de uma estrela

A Copa América Centenário também é a oportunidade para que novos nomes surjam ou se estabeleçam no mundo do futebol. O canal ESPN destaca alguns jogadores que podem despontar na Copa América Centenário:

  • Ismael Diaz (Panamá): o jovem jogador de 19 anos do FC Porto B marcou 13 golos na Segunda Liga portuguesa e ajudou a equipa a vencer o campeonato. Fez quatro golos na última edição da Copa Ouro, em 2015.
  • Duckens Nazon (Haiti): foi o grande nome do Haiti na Copa Ouro de 2015.
  • Hirving Lozano (México): apesar de ser uma das surpresas na lista de convocados do México, Lozano foi um dos destaques da vitória do México contra o Canadá, num jogo amigável realizado na última semana.
  • Ronald Matarrita (Costa Rica): o jogador do New York City FC tem sido um destaque na liga americana.
  • Alejandro Meleán (Bolívia): nascido nos Estados Unidos, Meleán fez a sua carreira na Bolívia e participa pela primeira vez da Copa América.
  • José Maria Gímenez (Uruguai): tem apenas 21 anos, mas já acumula 31 partidas com a camisola do Uruguai, incluindo três jogos no último Mundial.
Atletico Madrid vs Bayer Munich

José Giménez joga no Atlético de Madrid

  • Adalberto Penaranda (Venezuela): aos 18 anos, tornou-se o mais jogador estrangeiro mais jovem de sempre a marcar na liga espanhola, superando o recorde de Lionel Messi. Penaranda já tem contrato assinado com o Tottenham para a próxima temporada da liga inglesa.
  • Gabriel Mercado (Argentina): apesar de ter pouca experiência com a equipa argentina, Mercado é um dos poucos nomes que disputa a liga do próprio país.
  • Fabinho (Brasi): com uma passagem pelo Rio Ave, o jogador do Monaco disputou a Copa América de 2015.
  • Antonio Sanabria (Paraguai): foi convocado à última hora para substituir o lesionado Roque Santa Cruz e ajudou o Sporting Gijon a evitar a despromoção da equipa na segunda divisão da liga espanhola.

A oportunidade de Jonas

LISBON, PORTUGAL - MAY 2: SL Benfica's forward from Brazil Jonas celebrates after scoring a goal during the Taca CTT match between SL Benfica and SC Braga at Estadio da Luz on May 2, 2016 in Lisbon, Portugal. (Photo by Gualter Fatia/Getty Images)

Jonas disputou apenas 10 jogos com a camisola canarinha

Com a lesão de Ricardo Oliveira, Jonas foi convocado para defender a seleção canarinha na Copa América Centenario, o que pode ser uma oportunidade para o avançado do Benfica firmar-se na equipa. Apesar de ter-se sagrado como o melhor marcador da liga portuguesa na temporada 2015/2016, participou de apenas 10 jogos com o Brasil.

Em conferência de imprensa, Jonas disse acreditar que pode ser lembrado mais vezes pelo treinador Dunga se conseguir participar de “uma sequência de jogos”. “Todo jogador espera sequência de jogos e estou feliz por estar convocado. Claro que a lesão do Ricardo Oliveira é ruim, mas as oportunidades aparecem assim. Agora tenho um período maior com os colegas. É importante e isso acelera o meu crescimento. Jogadores chegam e passam e quem está aqui quer construir a sua historia e jogar bem na Seleção”, afirmou, citado pelo jornal Lance.

No jogo amigável disputado contra o Panamá, esta segunda-feira, Jonas marcou o primeiro golo na vitória por 2-0 do Brasil.

Os estádios do Mundial de 1994 e os estádios do Superbowl

Os jogos da Copa América Centenário vão realizar-se em dez estádios, distribuídos ao longo do território americano. Alguns dos locais são conhecidos por outro desporto: o futebol americano. É o caso do Levi’s Stadium, local que recebeu a partida inaugural da competição este sábado, entre Estados Unidos e Colômbia. Com capacidade para 68.500 torcedores, o seu relvado é palco da Super Bowl, a final da liga de futebol americano.

Já outros estádios fizeram parte do Mundial de 1994, como o Rose Bowl, em Pasadena. Este foi o cenário escolhido para a disputa da final da competição entre Brasil e Itália, que resultou no tetracampeonato dos canarinhos. O Soldier Field, em Chicago, e o Citrus Bowl, em Orlando, também fizeram parta da competição.

A final da Copa América Centenário acontece a 26 de junho no Metlife Stadium, construído ao lado do demolido Giants Stadium, em Nova Jersey, que também foi sede do Mundial. Atualmente, o local é utilizado pelas equipas New York Jets e New York Giants, ambas do futebol americano.

A segunda vaga do futebol nos Estados Unidos

Após a organização do Mundial de 1994, os Estados Unidos voltam a sediar um campeonato de importância internacional. Neste tempo, o desporto ganhou popularidade, mas ainda não se encontra no mesmo nível que o futebol americano, basquetebol, baseball e hóquei. Segundo dados da FIFA, citados pelo jornal El País, os Estados Unidos são o segundo país onde mais pessoas jogam futebol: 24,5 milhões, atrás da China (26,1) e à frente da Índia (20,5), Alemanha (16,3) e Brasil (13,2). De acordo com a publicação, a final do Mundial de 2014 foi assistida por 26,5 milhões de espetadores – o jogo mais visto da história da televisão americana.

Já a BBC aponta dados da Major League Soccer (MLS), a liga nacional de futebol, que calcula que o valor médio das equipas foi de 87,9 milhões de euros, em 2015. Neste ano, a média de público dos jogos nos estádios foi de 19 mil pessoas.

O crescente interesse pelo futebol e o aumento dos investimentos no desporto pode alcançar um novo nível com a Copa América Centenário, caso a equipa americana consiga um bom resultado na competição. O começo não foi promissor: a equipa perdeu para a Colômbia por 2-0, este sábado.