Há 15 anos que o mundo se habituou à voz e visual de Alicia Keys, cantora que se estreou no universo musical com o álbum Songs In a Minor — quem não se recorda de um sentido e esforçado I keep on fallin’ in and out of love with you? E se o sucesso de Keys ninguém lhe tira, o mesmo já não se pode dizer da maquilhagem. A cantora e produtora vencedora de 15 grammies disse um adeus definitivo à maquilhagem, base, blush e eyeliner incluídos. A despedida, que provavelmente fará alguma confusão a muitas mulheres, tem razão de ser: Alicia não se quer voltar a esconder.

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Let's do this! ???? ???? ???? #UCLFinal

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É preciso recuar a 28 de maio, quando Alicia Keys cantou em Milão, Itália, na final da Liga dos Campeões, e apareceu de cara lavada diante de 30 mil pessoas. Dias depois, a explicação da artista surgia na forma de uma carta aberta, publicada no site feminista da atriz Lena Dunham. Cansada de ser constantemente julgada pela sua aparência e forma de estar, a cantora de 35 anos escreveu que antes de começar a trabalhar no novo álbum fez uma lista das coisas de que “estava farta”. Entre elas a ideia de como as mulheres eram convencidas de que tinham de ser “magras, sexy, desejadas ou perfeitas”.

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Uma das muitas coisas de que estava farta era o constante julgamento de outras mulheres. Os constantes estereótipos (…) que nos fazem sentir que ter um tamanho normal não é normal.”

A cantora recorda ainda as primeiras experiências sob o escrutínio do público, numa altura em que todos tinham algo a dizer. “«Ela é tão dura, ela age como um rapaz, ela só pode ser gay, ela devia ser mais feminina!» A verdade é que eu era de Nova Iorque e toda a gente que conhecia agia assim”. A crítica estende-se naturalmente à indústria do entretenimento, a qual a obrigou de certa forma a ser cada vez mais um “camaleão”, para que fosse mais facilmente aceite. “Isto era tudo tão frustrante e tão impossível.”

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Vibin in Londontown… Sending love! ????

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Estava finalmente a descobrir o quanto me censurei e isso assustou-me. Afinal, quem era eu? Será que eu ainda sabia como ser brutalmente honesta?

A isso Alicia acrescenta que de cada vez que saía de casa sem maquilhagem ficava preocupada. E se alguém lhe tirasse uma fotografia? E se essa mesma imagem fosse depois publicada? “Estes eram os pensamentos inseguros, superficiais mas honestos que tinha. E tudo isso, de uma forma ou de outra, tinha demasiado que ver com o que as outras pessoas pensavam de mim”.

A cantora espera que o movimento ao qual se juntou — anteriormente manifestado em selfies de celebridades sem qualquer maquilhagem –, seja uma revolução. “Porque não me quero voltar a cobrir. O meu rosto, a minha mente, a minha alma, os meus pensamentos, os meus sonhos, as minhas lutas, o meu crescimento emocional. Nada.”