O ex-vice-primeiro-ministro Paulo Portas garantiu que a lei é “escrupulosamente cumprida” no contrato como consultor da Mota-Engil, afirmando que mudou “radicalmente de vida” e que vai “fazer sete coisas ao mesmo tempo”.

No final da apresentação do novo livro de Adriano Moreira, intitulado “Futuro com memória”, em Lisboa, Paulo Portas foi questionado pelos jornalistas sobre uma eventual incompatibilidade entre o cargo de ex-governante e o novo lugar como consultor na Mota-Engil, tendo sido perentório: “leia a lei e veja que ela é escrupulosamente cumprida”.

“Eu mudei radicalmente de vida. Vou fazer sete coisas ao mesmo tempo”, começou por responder aos jornalistas.

Paulo Portas enumerou que vai “ter um programa na televisão, dar aulas na universidade, promover exportações na Câmara de Comércio, ajudar à internacionalização de uma grande companhia portuguesa como a Mota-Engil, fazer consultoria estratégica no Golfo e na América Latina” para além de “participar em conferências e em palestras várias”.

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“Espero ter tempo para ajudar na formação dos jovens do CDS”, disse ainda.

A notícia da contratação de Paulo Portas pela Mota-Engil foi conhecida na segunda-feira, tendo nesse mesmo dia o BE criticado a opção política do antigo governante dos executivos de Passos Coelho, desafiando ainda o ex-líder do CDS-PP a provar que não há incompatibilidade nesta nova função.

Hoje, os bloquistas criticaram o “apetite voraz” da Mota-Engil pela contratação de ex-ministros, assim como a disponibilidade de Paulo Portas para aceitar um lugar de consultor nesta empresa.

De manhã, nos Açores, a líder do CDS-PP, Assunção Cristas disse que é positivo Portugal ter “alguém com a experiência de Paulo Portas a ajudar” na internacionalização da economia.

O responsável e acionista do grupo adiantou que Paulo Portas vai criar um conselho estratégico dentro da Mota-Engil para a América Latina, que será composto por elementos do grupo e por pessoas dos países onde a empresa já está presente, como é o caso do México, Colômbia, Peru e Brasil.

A Mota-Engil marca atualmente presença em 22 países, repartidos por três áreas geográficas: Europa, África e América Latina, segundo a informação disponível na página do grupo na internet.

O lucro da Mota-Engil disparou para 64 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, um crescimento face aos 3,4 milhões de euros do período homólogo de 2015.