O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, valorizou esta quinta-feira que todos os partidos políticos estejam contra sanções a Portugal, manifestando-se satisfeito por essa convergência de substância, embora não na forma de uma texto comum.

“O consenso na substância, no conteúdo, está lá, na forma, não. Dizem o mesmo por palavras diferentes. É muito português”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, após dar início às cerimónias do Dia de Portugal, com o hastear da bandeira nacional no Terreiro do Paço, em Lisboa, e uma visita a uma exposição das Forças Armadas, na Ribeira das Naus.

O chefe de Estado recordou que “os portugueses costumam dizer que o bom é inimigo do ótimo”: “Não tendo uma posição traduzida num texto único, mas se através de vários textos disseram o mesmo, é bom, embora não ótimo. Eu fico satisfeito, preferiria o ótimo, mas o bom já é bom”.

“A mim, Presidente da República, e a nós, Portugal, o que interessava é que dissessem o mesmo. Se disserem o mesmo através de palavras diferentes, é bom. O que interessa é que lá fora se oiça que todos os partidos políticos pensam o mesmo, uns dizem de uma maneira, outros dizem de outra”, argumentou.

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Perante a insistência dos jornalistas, que o questionaram se a ausência de um texto comum não seria uma falha nos consensos por si pedidos, Marcelo Rebelo de Sousa disse que “é um passo”.

“Lá fora percebe-se que todos estão de acordo ao dizer-se não às sanções”, declarou.

A maioria de esquerda no parlamento apresenta esta quinta-feira um voto contra a aplicação de sanções a Portugal pela Comissão Europeia por défice excessivo, e PSD e CDS-PP juntos apresentam um outro documento, igualmente contrário à aplicação dessas sanções.

O voto de condenação da esquerda parlamentar sobre a aplicação de eventuais sanções a Portugal pela Comissão Europeia defende que esse ato será “infundado” e “injusto” face à grave crise económica e social que afetou Portugal.

Este voto, que foi objeto de várias alterações na sequência das falhadas tentativas de acordo com a direita parlamentar, é subscrito pelo Bloco de Esquerda, PCP, “Os Verdes” e PAN (Pessoas Animais e Natureza).

Na ausência de um entendimento, o documento da esquerda sobe esta quinta a plenário a par de um outro apresentado pelo PSD e CDS-PP contra a aplicação de sanções pela Comissão Europeia.

Enquanto PSD e CDS-PP entendem que as sanções são infundadas face ao esforço de consolidação orçamental nominal e estrutural de Portugal nos últimos anos, a esquerda parlamentar considera que as sanções são infundadas devido à crise económica e social do país.

“A mera possibilidade de impor sanções ao país, para além de inédita ao nível da aplicação do Pacto de Estabilidade e Crescimento, afigura-se infundada, injusta, incompreensível e contraproducente. Infundada e injusta face à grave crise económica e social que afetou Portugal”, lê-se na última versão do voto da esquerda parlamentar, ao qual a agência Lusa teve acesso.