A dívida pública portuguesa deverá ter ultrapassado novamente a barreira dos 130% do PIB (produto interno bruto) em abril, estima a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), após o aumento de 2,8 mil milhões de euros verificado nesse mês. A dívida já aumentou 4,5 mil milhões de euros desde o início de 2016.

O valor, em euros, da dívida pública foi calculado pelo Banco de Portugal, mas numa nota enviada esta tarde aos deputados da comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, os técnicos independentes estimam que o peso da dívida pública em relação ao PIB tenha voltado a subir, atingindo um valor entre os 129,9% e os 130,3% (apontando um valor central de 130,1%).

A confirmar-se, este seria um aumento face aos 128,9% registados no final do primeiro trimestre do ano, e mesmo uma subida face aos 129% do PIB com que terá fechado 2015, ultrapassando também a barreira psicológica dos 130% e apresentando uma reversão face à trajetória de crescimento da dívida pública em peso do PIB a que tanta importância o Governo e instituições internacionais como o FMI, a Comissão Europeia e a OCDE têm dado.

O aumento é, no entanto, fruto também do próprio perfil anual da dívida pública portuguesa. Portugal emitiu 2,6 mil milhões de euros em dívida pública, de curto e médio/longo prazo, relembra a UTAO. Ou seja, até ao final do ano a dívida pública em percentagem do PIB ainda terá diferentes variações, já que existem pagamentos a fazer que também pode fazer baixar este valor.

Em sentido contrário, caso a economia não cresça tanto como o Governo espera este ano, ou o Banco de Portugal esperava para o primeiro trimestre, a dívida em percentagem do PIB pode ser superior, já que são estas as referências da UTAO para fazer esta estimativa. O Banco de Portugal reviu em baixa esta quarta-feira a sua previsão em para o crescimento da economia de 1,5% para 1,3%. O Governo ainda aponta para os 1,8% no final do ano, mas está sozinho nesta previsão, com a Comissão Europeia (1,5%), o FMI (1,4%) e a OCDE (1,2%) com visões mais pessimistas.

Note-se que o Banco de Portugal é a entidade estatística responsável pelo cálculo da dívida pública portuguesa e todos os meses divulga o seu valor, mas não o seu peso em percentagem do PIB, número esse que só é publicado trimestralmente.

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