A UNITA defende um diálogo aberto e construtivo entre o Governo de Angola e Cabinda, disse o vice-presidente do partido angolano, que participou nesta sexta-feira no funeral do líder cabindense Nzita Tiago, em Paris.

“A UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola, partido de oposição de Angola) defende permanentemente e insistentemente a realização de um diálogo construtivo, honesto, aberto transparente entre o Governo de Angola e a sociedade cabindense no sentido de se encontrar uma solução que dignifique as partes e que confira dignidade também a Cabinda”, declarou à Lusa, por telefone a partir de Paris, Raul Danda.

“É um desejo da UNITA, que exprime esse desejo, de que de facto que se possa chegar a esta solução e estou seguro que é não com o passamento de Nzita Tiago que as coisas vão mudar, antes pelo contrário, precisam ser reforçadas”, declarou Danda. O líder histórico da FLEC/FAC, Nzita Henriques Tiago, 88 anos, faleceu no dia 03 deste mês em Paris, vítima de doença prolongada.

A FLEC luta pela independência de Cabinda, alegando que o enclave era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte integrante do território angolano.

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Criada em 1963, a organização independentista dividiu-se e multiplicou-se em diferentes fações, efémeras, com a FLEC/FAC a manter-se como o único movimento que mantém a resistência armada contra a administração de Luanda. “Enquanto organização, a UNITA emitiu um comunicado a lamentar o passamento físico do presidente Nzita Tiago”, referiu Danda, que disse estar num momento de reflexão, pois também era parente de Nzita Tiago.

A FLEC precisa, segundo o vice-presidente da UNITA, no seu quadro interno, encontrar uma forma de cobrir “a lacuna que deixa Nzita Tiago”. Emmanuel Nzita, filho de Nzita Tiago, foi eleito presidente da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda/Forças Armadas de Cabinda (FLEC/FAC) pelo Alto Comando Militar do movimento, no dia 07 de maio.

“Tenho muita pena que o Presidente Eduardo dos Santos tenha deixado morrer Nzita Tiago, que insistentemente vinha lhe enviando cartas e mandando recados, quer de maneira formal e informal, para que se chegasse a um diálogo para que pudesse levar ao fim o conflito em Cabinda”.

Raul Danda insistiu em dizer que existe sim um conflito em Cabinda e que não se pode negar e nem esconder essa situação. “Enfim, (o Presidente angolano) pode ir a tempo de redimir-se diante do povo de Cabinda, dialogando com o povo irmão de Cabinda para se encontrar uma solução para terminar o conflito”, argumentou Danda.

Também esteve presente no funeral o secretário-geral da Frente Consensual Cabindense (FCC), Belchior Tati, entre outras personalidades de Cabinda e de outras países.

Num comunicado, o Fórum Cabindense para o Diálogo (FCD) também lamentou a morte do líder histórico da FLEC/FAC, Nzita Tiago. “Nesta hora de luto, a direção do FCD, em nome dos seus membros, militantes, afiliados, simpatizantes e amigos, verga-se perante a sua memória e endereça à família enlutada os maiores sentimentos de pesar”, referiu a nota.