Convidar um dos bons pilotos de Fórmula 1 (F1), Kevin Magnussen, para levar aos limites um dos mais acessíveis desportivos, para mais num circuito retorcido como o do principado do Mónaco, só podia dar nisto. Mesmo se o automóvel em causa é uma versão muito especial do Clio R.S., construído para comemorar os 40 anos da Renault Sport, o departamento da marca francesa que concebe e produz as versões desportivas dos seus veículos, para além de gerir a equipa de F1 da casa, onde o piloto dinamarquês é o homem mais rápido.

Dá pelo nome de Renault Clio R.S. 16, mas é muito mais do que a denominação deixa transparecer. Sob as vestes do Clio desportivo – que na melhor das hipóteses tem um motor 1.6 turbo a gasolina com 220 cv –, está toda a parte dianteira do Mégane R.S., do motor 2.0 turbo de 275 cv às suspensões específicas, que parecem ter saído de um carro de competição e que nada têm a ver com as utilizadas pelos restantes Mégane. É claro que foi necessário dotar o R.S. 16 de uns alargamentos generosos, destinados a esconder sob a carroçaria, mais estreita, a mecânica do seu irmão do segmento superior, mas a alteração até foi bem-vinda, pois reforça a agressividade do modelo.

Se a frente foi buscar inspiração ao Mégane R.S., a traseira não lhe ficou atrás e pediu emprestado o eixo posterior à versão de ralis do Clio, na categoria R3T. Mais rígida, esta solução pode não fazer maravilhas ao conforto, nem cair nas boas graças dos que sofrem das costas, mas lá que melhora o comportamento, tornando a traseira mais leve e fácil de fazer deslizar, isso melhora.

AUTO - REVEAL CLIO RS 16 - 2016

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Entre as inúmeras sessões de treinos para o Grande Prémio, Magnussen trocou o seu Renault F1 amarelo, com 702 kg e mais de 1000 cv, na opinião de muitos, pelo também amarelo Clio R.S.16. Que ficou ainda mais amarelo após a comparação de dados técnicos: 1200 kg e 275 cv. E para manter um peso em valores similares aos da versão normal de 220 cv, foi forçoso cortar nos luxos, que é como quem diz, em miminhos como o banco posterior, ar condicionado e até na caixa de velocidades, trocando a EDC de dupla embraiagem pela manual.

O resultado da experiência que resulta quando se coloca um superpiloto ao volante de um desportivo de 30.000€ (a versão de 220 cv, pois o de 275 cv não está em comercialização) está bem patente no vídeo. Certamente que o ás do volante nórdico nunca rodou no Mónaco com um veículo que comesse os correctores das chicanes monegascas com tanto à vontade, nem descrevesse com tamanha ligeireza as curvas mais fechadas do circuito, como La Rascasse ou o gancho do Grand Hotel (antigo Loews). O problema mais grave terá sido sem dúvida a sonolência que o atacava nas rectas mais longas pois, de F1, elas praticamente não existem.

A próxima paragem para o Clio R.S.16 é o Festival de Goodwood, de 23 a 26 deste mês, o local para onde convergem nessa altura do ano os desportivos mais sumarentos do mercado. Novos e clássicos.