O Presidente interino do Brasil, Michel Temer, diz que o primeiro mês à frente do Governo do país “tem sido uma guerra” e considera que “não tem espaço para Dilma [Rousseff] voltar”.

“É uma guerra, tem sido uma guerra”, disse Temer ao jornal Folha de São Paulo, que publicou no sábado uma entrevista com o Presidente interino do Brasil, que completa este domingo um mês no cargo.

“Apesar de todas as turbulências, críticas e pressões, foi um mês de sucesso”, acrescentou Michel Temer, que assumiu a liderança do Governo brasileiro quando a Presidente eleita, Dilma Rousseff, foi afastada do cargo temporariamente para ser julgada no âmbito do processo de ‘impeachment’ (destituição) aprovado pelo Congresso.

Michel Temer diz que este mês tem um “saldo positivo”.

“Restabelecemos a interlocução com o Congresso, votamos projetos com ampla maioria e estamos retomando a confiança no país, não é pouca coisa para um começo de Governo”, disse à Folha de São Paulo.

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“Temos tido mais de 300 votos, às vezes mais de 340 na Câmara. Isto reflete confiança neste Governo. Nossas vitórias no Congresso mostram que não tem espaço para a Dilma voltar”, acrescentou.

Michel Temer vincou que não tem feito “nenhum gesto contra ela [Dilma Rousseff]” e que respeita “quem passou”.

Ainda assim, critica a herança que recebeu.

“Foi surpreendente, de forma negativa, o que encontrámos aqui. As contas muito piores do imaginávamos, a Petrobras quebrada, os Correios quebrados, a Eletrobras quebrada. E eles ainda ficam numa campanha agressiva contra mim”, afirmou.

Sobre as críticas ao seu Governo, por não incluir mulheres e integrar nomes envolvidos na investigação Lavo Jato, relacionada com esquemas de corrupção, Michel Temer respondeu que criou “um time de primeira grandeza na área económica”.

O Governo de Michel Temer completa um mês neste domingo e enfrenta vários casos polémicos, que já fizeram cair dois ministros, e manifestações que pedem a sua saída do cargo.

O Presidente interino trocou a equipa económica do Governo e o mercado recebeu bem essas mudanças, sobretudo pelos novos ministros da Fazenda (Finanças), Henrique Meirelles, e do Planeamento, Romero Jucá.

No entanto, o ministro do Planeamento, Romero Jucá, deixou o cargo após a divulgação de escutas em que aparece a falar em travar a Operação Lava Jato.

Outro ministro que caiu foi o da Transparência, Fabiano Silveira, após ter criticado a Operação Lava Jato em gravações feitas pelo ex-senador e ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.