O FBI, a principal agência de investigação policial nos Estados Unidos, já processou cerca de 100 pistas nas investigações ao massacre de Orlando que provocou a morte a 50 pessoas num clube gay da cidade da Florida.

Os agentes do FBI estão a passar a pente fino todas as gravações eletrónicas do homem responsável pelo que é já considerado o maior tiroteio em massa na história americana. São aliás várias as agências envolvidos na operação para averiguar os motivos que estiveram por trás do ataque e as possíveis ligações do atirador a grupos radicais islâmicos.

Omar Mateen, um americano de 29 anos de origem afegã, ligou para o 911 (número americano de emergências) antes do ataque, para clamar a sua lealdade ao líder do Estado Islâmico (EI). O movimento EI acabou por reivindicar a autoria do tiroteio já esta segunda-feira, descrevendo o atirador como um “soldado do califado”, mas ainda não existem provas concretas que liguem Mateen a movimentos radicais islâmicos.

“Não vamos deixar pedra sobre pedra. Vamos seguir todas as pistas até onde elas nos levarem”, disse aos jornalistas Paul Wysopal, o agente especial que ficou com a liderança da investigação. Uma das ações prevista é a reconstituição do tiroteio que ocorreu na madrugada de domingo na cidade de Orlando, num clube conotado com o movimento LGBT (lésbica, guy, bissexual e transgénero).

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O agente desvalorizou, para já, a informação de que Omar Mateen foi questionado duas vezes pelo FBI no passado, não tendo sido considerado uma ameaça. Argumenta que ainda é prematuro concluir que as autoridades deixaram passar alertas vermelhos sobre o futuro atirador.

“Estamos a recolher uma grande quantidade de provas eletrónicas e físicas”, afirmou ainda o procurador americano Lee Bentley. E se mais alguém esteve envolvido neste crime, vai ser acusado”. Em Orlando, esta segunda-feira é dia de identificar as vítimas e avisar as respetivas famílias. O balanço oficial continua a apontar para 49 mortos, mais um — o próprio atirador — e 53 feridos. Até esta segunda-feira a meio da tarde (hora de Lisboa), apenas metade das famílias com vitimas mortais tinha sido avisada.

O presidente norte-americano vai ser informado pelas várias autoridades sobre o ponto de situação da investigação. O governador da Florida, Rick Scott, pediu a Obama para declarar o estado de emergência na Florida.

As ondas de choque do atentado na campanha presidencial

A poucos meses de arrancar a derradeira fase da corrida presidencial norte-americana, o tiroteio no clube de Orlando reabriu o eterno debate sobre o controlo da circulação e venda de armas nos Estados Unidos, uma ambição que o presidente Obama não conseguiu concretizar. Sabe-se que Omar comprou legalmente as armas que terá usado no ataque à discoteca Pulse.

Outro questão sensível na campanha que pode vir à boleia deste ataque é a emigração, um dos temas bandeira do candidato republicano.

Donald Trump já se pronunciou e em declarações à Fox News pediu até a demissão de Obama que está nos últimos meses do mandato pelo facto de o presidente não ter mencionado na sua mensagem a expressão “radicais islâmicos”. “É uma guerra total, mas não temos atacantes de uniforme”.

Já a candidata democrata, Hillary Clinton, preferiu outra abordagem. “Este é o momento para os republicanos, democratas e todos os americanos trabalhem em conjunto na mesa equipa”.