O Observatório Português dos Sistemas de Saúde avisa que é preciso assumir como problema de saúde pública a prescrição de tranquilizantes (benzodiazepinas) em Portugal.

“Sem querer diabolizar esta classe farmacológica, útil e necessária, é preciso assumir a existência de um problema de saúde pública na prescrição de benzodiazepinas”, refere o Relatório de Primavera 2016 do Observatório que é esta terça-feira apresentado.

Estes medicamentos tranquilizantes, associados a casos de dependência ou privação, estão sob controlo e vigilância internacional, lembram os autores do estudo, mas não há ainda métodos eficazes que monitorizar estas substâncias na comunidade.

Além de “uma atenção redobrada” e de uma estreita colaboração entre os serviços especializados de saúde mental e os centros de saúde, os autores do relatório dizem ser absolutamente necessário estudar este problema e perceber se a venda livre destas substâncias ainda continua a ocorrer.

No documento é citado um estudo com uma amostra de doentes internados ao longo de um ano num serviço de psiquiatria em Portugal a quem foram doseadas as benzodiazepinas na altura do internamento.

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Quatro quintos dos doentes apresentavam valores superiores a uma média de oito comprimidos de 10 miligramas de diazepam por dia (80 mg), o que o Observatório considera “deveras preocupante”.

Ainda no capítulo da Saúde Mental, o Relatório de Primavera 2016 lembra que o Plano Nacional para as Demências é um objetivo antigo, mas que o número de serviços e consultas especializados é escasso.

A zona sul do país parece ser a mais negligenciada. No Alentejo e no Algarve existe apenas uma equipa de Psiquiatria Geriátrica – na Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo – e que luta com “acentuada falta” de pessoal e de apoio logístico.

O relatório lembra que o Alentejo apresenta uma das maiores taxas de envelhecimento da Europa. Em 2013, 90% dos doentes que chegavam aos cuidados de saúde primários devido a perturbações mentais nesta região apresentavam sinais de demência.