Foi encontrado na Suécia um fragmento de um meteorito resultante de uma colisão mil vezes maior que a que extinguiu os dinossauros. Esta colisão, entre um asteroide de 200 km de diâmetro e outro menor, aconteceu há 470 milhões de anos, na cintura de asteroides entre Marte e Júpiter.

A Terra foi “bombardeada” pelos fragmentos que resultaram da colisão. Foi também há 470 milhões de anos que a Terra assistiu a um episódio de diversificação biológica como nunca tinha acontecido antes. Apareceram inúmeras novas espécies, sem as quais não existiria o ser humano.

O responsável por esta descoberta, Birger Shcmitz, investigador da Universidade de Lund, na Suécia, citado no El País, disse que este é “um dos eventos mais importantes na história da evolução, e um passo crucial na nossa própria linha evolutiva”.

Schmitz conta que “antes da colisão dos asteroides, havia muito poucas espécies de animais a viver no leito marinho”. Depois, há 470 milhões de anos, “houve uma autêntica explosão de novos invertebrados; trilobites, moluscos, peixes primitivos… foi a maior diversificação biológica conhecida, e a primeira vez que se alcançou um nível de biodiversidade similar à atual”.

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Até agora, já tinham sido descobertos 100 meteoritos, todos fragmentos do asteroide maior da colisão, mas ninguém tinha descoberto um fragmento do menor. Pensava-se até que estaria perdido para sempre. A equipa de Schmitz concluiu que a composição química deste fragmento é diferente de todos os mais de 50 mil meteoritos já identificados. Através do processo de datação utilizado pela equipa, foi possível situar o fragmento na data da grande colisão.

O estudo, publicado pela Nature Communications, explica que “este pode ser o primeiro fragmento documentado de um meteorito extinto, de um tipo que já nunca vai cair na Terra, porque o corpo de que provém foi destruído pelas colisões”.

Esta descoberta vai permitir abrir novos horizontes no conhecimento do Sistema Solar, demonstrando que as rochas que atingiram a Terra há 500 milhões de anos eram muito diferentes das que caem agora. “A vida também o era”, diz Schmitz.

O investigador sueco afirma que aquela colisão pode ter sido a faísca de que a vida na Terra precisava para evoluir. É a chamada hipótese da perturbação intermediária, proposta por Connell em 1978: em condições muito estáveis, tudo se mantém igual, e quando existe uma perturbação muito grande, há extinção dos seres vivos. Já uma perturbação intermediária pode fazer a vida evoluir como nunca tinha acontecido antes.

Schmitz aplicou a teoria a esta colisão em 2007, e tem vindo a estudar a relação entre a história da vida na Terra e os eventos astronómicos.

Apesar da coincidência entre os dois acontecimentos, Schmitz reconhece que “neste momento é muito difícil estabelecer se um foi a causa do outro”.

A equipa recebeu dois milhões de euros do Conselho de Investigação Europeu para continuar a procurar mais meteoritos fósseis na Suécia”.