O chefe da diplomacia norte-americana, John Kerry, avisou esta quarta-feira a Rússia de que a paciência dos Estados Unidos em relação ao conflito na Síria e à saída do poder do Presidente Bashar al-Assad está a esgotar-se.

“A Rússia precisa de compreender que a nossa paciência não é infinita, na verdade é muito limitada quanto ao facto de Assad ser ou não responsabilizado”, declarou o secretário de Estado norte-americano em Oslo, Noruega, após um encontro com o seu homólogo iraniano, Mohammad Javad Zarif.

Embora sejam os principais patrocinadores do processo de cessar-fogo e das conversações de paz, os Estados Unidos e a Rússia discordam numa questão crucial para a resolução do conflito sírio: o futuro de Assad e a sua eventual saída do poder.

Para Washington, a saída do Presidente sírio não é negociável, enquanto para Moscovo o afastamento de Bashar al-Assad deve ser votado e decidido apenas pelo povo sírio.

Os Estados Unidos estão “também preparados para responsabilizar membros da oposição [grupos armados]” suspeitos de abusos ou quem “continua os combates em violação do cessar-fogo”, prosseguiu John Kerry.

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Três rondas de negociações indiretas entre o regime de Damasco e a oposição síria foram organizadas este ano em Genebra (Suíça) sob a égide das Nações Unidas, mas nenhuma conduziu a qualquer progresso.

Nos últimos meses, o regime de Damasco intensificou a sua campanha militar contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI) e os grupos rebeldes em redor de Alepo, a segunda maior cidade da Síria.

No início deste mês, Bashar al-Assad prometeu reconquistar “cada centímetro” do seu país, afastando desta forma a hipótese de existir um cessar-fogo duradouro naquele território.

“É muito claro que o fim das hostilidades está no limite e em risco e isso é crítico para que seja aplicado um cessar-fogo autêntico. Sabemos disso, não temos qualquer ilusão”, referiu o chefe da diplomacia norte-americana.

“Este é um momento crítico e estamos a trabalhar muito para ver se na próxima semana ou duas semanas conseguimos alcançar um compromisso para um cessar-fogo mais pleno em todo o país e que permita o acesso à ajuda humanitária”, afirmou John Kerry, acrescentando que se tal acontecer isso poderá representar “uma verdadeira oportunidade para reunir e começar a falar sobre a transição” política na Síria.

O conflito sírio já matou mais de 280 mil pessoas e fez milhões de deslocados desde o seu início em março de 2011.