A Agência Central de Inteligência (CIA) recorreu a técnicas de tortura “ilegais” após os ataques de 11 de setembro de 2001. Os documentos desclassificados na sequência de um Freedom of Information Act (FOIA, Lei de Liberdade de Informação) e em resposta a uma judicial movida pela American Civil Liberties Union (ACLU) revelam os detalhes das técnicas de interrogatório brutais utilizadas com os suspeitos de terrorismo, refere a CNN.

A “desumanidade da tortura concebida e realizada” pela CIA durante a administração de George W. Bush é destacada pela ACLU, nas mais de 800 páginas que foram divulgadas esta terça-feira, noticia a Russia Today America.

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Barack Obama rotulou os métodos de interrogatório detalhados numa série de memorandos que constam dos documentos que foram agora tornados públicos como “tortura”. O uso de tais técnicas de interrogatório foram proibidas por Obama em 2009, mas o candidato republicano Donald Trump disse em fevereiro que se chegar à Casa Branca pretende “trazer de volta um inferno muito pior do que a simulação de afogamento”, outra das técnicas utilizadas pela agência e considerada desumana.

Donald Trump retratou-se em março passado das afirmações que fez sobre o recurso à tortura, mas acrescentou que se for eleito vai “ampliar essas leis”. Na caracterização da CIA, os métodos são descritos como “interrogatório expandido” ou “técnicas avançadas de interrogatório”. Dos documentos constam também as discussões internas acerca da legalidade desses métodos.

As técnicas

As técnicas classificadas como “descrição das pressões físicas” incluem chapadas, uso de fraldas, de “insetos” e de “enterros simulados”.

A utilização de insetos acontecia através da ameaça de “colocar insetos que picam numa caixa com o detido”, mas garante-se que se recorria a “insetos inofensivos”, refere o documento.

O “enterro simulado” envolveria colocar o preso “numa caixa parecida com um caixão, mas com buracos escondidos para entrar o ar e prevenir a asfixia”. Muita da informação contida nos documentos já era conhecida desde 2014, ano que o Senado norte-americano levou a cabo uma investigação sobre os métodos da agência.

“Estes registos recentemente desclassificados adicionam novos detalhes ao registo público do programa de tortura da CIA e destacam a crueldade dos métodos que a agência tem usado em segredo, em locais secretos no estrangeiro”, disse Jameel Jaffer, vice-diretor jurídico da ACLU em conferência de imprensa, citado pela CNN.

De acordo com um memorando datado de 7 de junho de 2006, até o presidente George W. Bush estava preocupado com as práticas de interrogatório da CIA. Segundo Porter Goss, um diretor da Agência Central de Inteligência, o presidente “estava preocupado com a imagem de um preso, preso ao teto, com uma fralda”.