A banca nacional tem mais de três mil milhões de euros de crédito em risco, avaliados acima do preço de mercado, estacionados em fundos de reestruturação criados para esse efeito e o Banco Central Europeu (BCE) tem ignorado esta manobra, escreve o ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos e ex-secretário de Estado do Orçamento António Nogueira Leite, num relatório do think-thank Bruegel publicado na semana passada, que faz um balanço dos primeiros 18 meses da supervisão europeia bancária, e que o Jornal de Negócios noticia esta quinta-feira.

Nogueira Leite afirma que a primeira análise à qualidade dos ativos, levada a cabo em 2014 pelo BCE, foi “exigente e bastante rigorosa”, mas que “falhou” ao não considerar que “alguns dos ativos dos bancos estão a preços acima de mercado nos chamados ‘fundos de reestruturação'”.

O ex-governante lembra que, desde 2011, bancos como o BES e o Millennium BCP e, em menor escala, o Montepio e a CGD, transferiram crédito em risco e outros empréstimos que viriam a ter problemas para estes fundos independentes, e avisa que uma eventual reavaliação do valor destes ativos que estão “em alguns desses veículos independentes poderá aumentar as necessidades de capital” dos bancos, especialmente para aqueles que mais recorreram a este esquema, lê-se no relatório.

Isto porque os bancos transferem estes créditos a um preço próximo do valor de balanço, ficando com unidades de participação nesses fundos. Quando estes ativos são vendidos, são vendidos ao preço de mercado. E, segundo o ex-administrador da CGD “estas unidades continuam avaliadas [nos tais fundos] acima dos preços de mercado”.

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