O Novo Banco decidiu avançar com despedimento coletivo, dando ordem de marcha a 56 trabalhadores. De acordo com a Comissão Nacional de Trabalhadores do Novo Banco, os administradores do banco decidiram interromper as negociações e declararam o despedimento coletivo destes funcionários.

Em comunicado, a Comissão Nacional de Trabalhadores do Novo Banco tece duras críticas à posição negocial dos administradores do banco. “[Este] é o primeiro banco de capitais públicos a proceder a um despedimento coletivo; para além disso inclui algumas dezenas de trabalhadores na pré-reforma, que têm acordos bilaterais assinados com o banco e que são pura e simplesmente rasgados”, acusam,

Os representantes dos trabalhadores falam em “clima de terror” e de “insegurança” entre os funcionários. No processo de despedimento coletivo, insistem, “não foram utilizados critérios de escolha claros, predefinidos e devidamente anunciados, que colocassem os trabalhadores em pé de igualdade”.

Mais: o Novo Banco, reiteram, “não esgotou” todos as formas de negociação, que podiam passar por “reformas antecipadas, rescisões de forma voluntária e por mútuo acordo, pré-reformas ou mesmo redução do horário de trabalho”.

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A comissão acusa também o Governo de nada ter feito para travar o processo. “Estamos perante um banco que pode ser considerado estatal, já que tem uma ajuda do Estado de 3,9 milhões de euros, pelo que não entendemos como é que o Governo não se opôs e não mandou travar de imediato este procedimento de despedimento coletivo, feito sem diálogo e cooperação entre todos os parceiros envolvidos e sem esgotar outras formas mais justas de reduzir postos de trabalho.”

A terminar, a Comissão Nacional de Trabalhadores do Novo Banco exige uma resposta cabal de todos os intervenientes políticos para dirimir o conflito. “Apelamos, alertamos e responsabilizamos as autoridades máximas do nosso país, tais como: Presidente da República, Primeiro-ministro, Ministro do Trabalho e Segurança Social e os diversos partidos políticos com assento parlamentar, para a situação muito grave que os trabalhadores do Novo Banco estão a enfrentar, cujas consequências finais poderão vir a ser dramáticas para muitas famílias”, reiteram.

No âmbito da reestruturação acordada entre as autoridades portuguesas e a Comissão Europeia, o Novo Banco — o banco de transição criado em agosto de 2014 na sequência da resolução do BES — acordou reduzir em 1.000 pessoas o número de efetivos até final de 2016 e cortar 150 milhões de euros em custos operativos.

No entanto, como parte significativa dos trabalhadores já tinha saído, nomeadamente através de um programa de reformas antecipadas, e a venda de unidades no estrangeiro implicará também a redução de pessoal, no início do ano o número falado de saída de trabalhadores era de cerca de 500, tendo então o banco aberto um processo de rescisões amigáveis.

Segundo as informações recolhidas pela Lusa, a proposta de rescisão por mútuo acordo foi apresentada a 325 trabalhadores, dos quais 256 aceitaram.

Desde o colapso do Banco Espírito Santo (BES), em agosto de 2014, já foram reduzidos cerca de 2.000 postos de trabalho no Grupo Novo Banco.