No dia em que assinala 100 dias em Belém, Marcelo Rebelo de Sousa esteve em Espinho numa cerimónia de agraciamento do líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, e do empresário Rui Nabeiro. Desdobrou-se em elogios aos dois, que apelidou de “pessoas de bem”, mas a Montenegro fez algo mais. Num exercício de futurologia, o Presidente anteviu que irá contar ao longo do seu mandato com “muitos sucessos políticos” do líder parlamentar do PSD dadas as suas “qualidades invulgares”.

“Essas qualidades são qualidades invulgares e portanto não pode nem deve o Presidente da República substituir-se ao papel daqueles que têm por função prever o futuro de quem anda na ribalta da política, mas cabe ao Presidente da República registar com alegria o poder contar certamente ao longo do seu mandato com muitos sucessos políticos de Luís Montenegro”, disse.

São “qualidades políticas, qualidades de inteligência, de competência, de lealdade em relação àqueles que em cada momento representam as instituições que serve”, mas também “qualidades de proximidade”, disse o chefe de Estado dirigindo-se ao deputado e líder parlamentar do PSD, que tem sido apontado como uma das personalidades em ascensão na linha de sucessão do atual presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, com quem, de resto, Marcelo tem uma relação pouco afetuosa.

Marcelo valorizou ainda o “percurso cívico e político assinalável” do presidente da bancada do PSD: “Não fica mal ao Presidente da República, que tem demonstrado à saciedade o seu espírito ecuménico e a sua abertura a todos os quadrantes, não fica mal o reconhecer, e reconhecer na base daquilo que é a sua experiência pessoal, não é apenas de ouvido, de visto à distância, o que é o empenhamento cívico e o que é o talento político de dr. Luís Montenegro”.

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Mas o rol de elogios não ficou por aqui. Segundo Marcelo, “essas qualidades humanas são ainda bem mais importantes do que as qualidades económicas, sociais, cívicas ou politicas, são elas que marcam verdadeiramente o que depois fica”, sustentou, depois de afirmar que tanto Montenegro como Rui Nabeiro eram “gente de bem”.

Num discurso afetivo em Espinho, Aveiro, na cerimónia comemorativa dos 43 anos do concelho, Marcelo referiu que, “no meio de todos os problemas”, o que o anima como Presidente da Republica é poder, diariamente, fazer um balanço positivo do que presenciou e das pessoas com quem conviveu.

“Ao fim do dia, quando faço o balanço e olho para os problemas que tive que equacionar, ou de enfrentar ou de apreciar, digo: mas ao lado disto o que eu vi de gente espetacular, de projetos espetaculares, de gente que está a avançar e a ter êxito, de projetos que vão ter êxito, o país vale a pena, Portugal vale a pena e é por isso que me sinto tão feliz por estar aqui hoje convosco”, afirmou.

Para o Chefe de Estado, o “muito bom não apaga os problemas, não afasta as dificuldades, não deve servir para ocultar a noção da realidade, mas é motivador, é mobilizador”.

Marcelo destacou ainda a sabedoria do povo português, que “já viu tudo e já viveu tudo”, mas que consegue olhar para o futuro. “Conseguimos ao mesmo tempo ter esta história e ter futuro e olhamos para o que há aí de gente, os homenageados e os que estão aí, com extrema qualidade e competência (…).Temos essa sabedoria, o nosso povo tem essa sabedoria”, disse.

No seu discurso, Marcelo disse ainda que vai regressar ao concelho, “não tanto para mergulhar [no mar], que é cada vez mais complexo poder mergulhar sem haver uma câmara indiscreta a acompanhar o mínimo passo da vida de um PR, mas sobretudo para mergulhar nos encantos de Espinho”, na sua juventude e no “projeto futuro que é Espinho e que é simbólico do projeto de Portugal”.