Portugal terá poupado cerca de 4,4 mil milhões de euros em gastos com dívida pública desde 2011 com o empréstimo do fundo de resgate, face ao que pagaria se se tivesse financiado no mercado, de acordo com o relatório anual do Mecanismo Europeu de Estabilidade. A Grécia foi, de longe, quem mais terá beneficiado.

0,7% do PIB foi quanto valeu, em 2015, a poupança em juros da dívida pública do Estado português face ao que pagaria caso tivesse de financiar no mercado o valor que recebeu emprestado dos dois fundos europeus, responsáveis por dois terços do resgate a Portugal.

As contas foram feitas pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade e mostram uma (potencial) poupança crescente desde 2011, que começou por 0,1% do PIB, e atingiu o máximo em 2014 e 2015, 0,7% do PIB.

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Portugal é o terceiro – entre cinco países – que mais beneficiou das potenciais poupanças calculadas no relatório anual do MEE, com a Grécia num destacadíssimo primeiro lugar. As poupanças anuais no caso da Grécia atingiram no ano passado os 5,1% do PIB grego e vão continuar, como disse o próprio diretor-geral do MEE, o alemão Klaus Regling.

No caso de Portugal e Irlanda, segundo o MEE, os empréstimos começaram por ser mais caros, mas o seu custo estabilizou abaixo dos 2% nos anos mais recentes.

A diferença nestas poupanças potenciais deve-se a vários fatores. Em primeiro lugar, a estrutura dos empréstimos é diferente consoante os países. No caso de Portugal, o acordo foi que o empréstimo de 78 milhões de euros fosse dividido em três partes iguais, duas a financiar por fundos europeus – o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira e o Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira (com fundos do orçamento comunitário -, mais um terço do FMI. O empréstimo à Irlanda não só tinha um valor diferente, como ainda teve o contributo de países como o Reino Unido, a Dinamarca e a Suécia, em forma de empréstimos bilaterais.

No caso grego, a história complica-se mais ainda. Atenas já vai no terceiro resgate, todos eles com estruturas de financiamento diferente e nenhum dos dois primeiros terminado. Quando o primeiro resgate à Grécia foi operacionalizado, no verão de 2010, ainda não existiam fundos de resgate, obrigando assim a empréstimos bilaterais. Até esta altura, o MEE tem no seu balanço 160 mil milhões de euros à Grécia e se o terceiro resgate for levado até ao final, quando este terminar, o Mecanismo liderado por Klaus Regling será detentor de dois terços de toda a dívida pública grega.

A Grécia dispõe ainda de condições nos empréstimos europeus que não estão acessíveis a Portugal, Irlanda e Chipre, como os períodos de carência mais longos.